terça-feira, dezembro 20, 2005

O Natal pode ser todos os dias...




Debrucei-me sobre a mesa de jantar, naquela altura já faltava pouco para o momento mais esperado da noite. A minha mãe tinha-me levado para uma casa suspeita, com gente muito estranha, mas não podia sequer abrir a boca para reclamar naquela noite, pois mais altos interesses materiais se levantavam. Só mais tarde vim a descobrir que a noite de natal serve inclusivamente para reunir famílias cada vez mais distantes neste mundo, o natal para mim só tinha significado se houvesse uma doce prenda para desembrulhar.
Os meus novos amigos brincavam vaidosos com os seus novos brinquedos facultados por um dinheiro difícil de conquistar, dificilmente passará pela cabeça daquelas crianças quantas horas de trabalho árduo resultaram num bocado de plástico colorido feito prenda. Eu cá por mim já ficava contente com um daqueles carrinhos pequenos da Matchbox, por mim já era suficiente para passar tardes e tardes sem emitir um único ruído. Para a minha Mãe era enriquecedora esta nova experiência, carrinhos em troca dum silêncio matinal. Quando cresci renovei a minha frota automóvel e até construí uma garagem feita com pauzinhos de gelado. Aprendi que um dia mais tarde somos responsabilizados ao ponto de nos pedirem para sermos gentis com o próximo.
A desconfiança em nós é tal que nos dizem que temos de acabar a escola para sermos alguém neste mundo, curioso o facto de eu me sentir já alguém e não sequer ter chegado a metade do ensino secundário.
Os votos de prósperos anos novos são renováveis de ano a ano, parece inclusive que temos um gravador na nossa cabeça nesta época nesta quadra, parecemos todos mais simpáticos e educados, até que o perigoso stress volta a apoderar-se de nós. Sempre sonhei que o Pai Natal existia e que descia pela minha chaminé para me entregar as prendas, essa imaginária personagem ainda permanece dentro de mim como que a questionar a minha própria imaginação.
Assim sendo pode o natal ser uma fuga para esquecer algo que nos apoquenta, será que esta quadra serve para desviar atenções de algo que não desejamos que aconteça?...Então que o natal seja mesmo todos os dias, pois estamos fartos de constantes desilusões…

terça-feira, dezembro 13, 2005

Filme da minha vida





Ontem voltei a ser criança de novo, na Caixinha magica reapareceu de novo o extraterrestre mais puro e fraterno que alguma vez existiu. As minhas memórias nunca se vão esquecer da primeira vez que fui espectador atento dum filme de Spielberg.
Estávamos no ano de 1982 e o E.T ainda era uma criança como eu, chorava e escondia-se dos humanos que o apoquentavam dia-a-dia. Nessa doce tarde dum Dezembro friorento passeava por ruas de Almada um rapaz que parecia que vi o mundo todo azul, para ele não havia motivos grandes preocupações, nem casos de resolução difícil, vivia a vida como se houvesse sempre um amanhã.
O “meu” extraterrestre também era um pouco assim, vivia consoante a vida que lhe era proporcionada, vivia com a sensação que uma amizade afinal pode perdurar para sempre, sobretudo em nossa mente. O Incrível Almadense estava cheio de pequenada ansiosa por ser deslumbrada por este poderoso filme, Spielberg conseguir transportar toda esta inocência para o ecrã. Conseguir fazer uma inteira sala de cinema chorar de tremendo sentimentalismo e ternura. Até a pequena Gertie agora uma atraente e responsável actriz conseguia enfeitiçar os meus húmidos olhos.
Este é o filme da minha vida, aquele que eu vou levar para cova enrolado no pano da minha memória, por ele já chorei compulsivamente, por ele já ganhei tanto carinho que é me difícil passar um ano sem o rever. Acho que também foi graças a esta obra-prima do cinema que sou hoje uma pessoa mais sensível e responsável, talvez seja devido a ele consiga ver as coisas de maneira sempre positiva.

terça-feira, novembro 29, 2005

Deusa do Sexo




Tâmara não rejeita o dito parceiro sexual normal, tem um ar de mulher insaciável, mulher que busca o prazer enquanto satisfação diária. As suas mãos suavizam o seu sexo diariamente, é ele a boca que a alimenta ferozmente cada dia que passa.
É a chamada prostituta do prazer, a tal mulher que enquanto tira partido do cliente sexualmente ainda lhe tira algum dinheiro da carteira, afirma que quando esta no seu ponto de partida tem por habito fazerem os homens desceram até ao seu covil para a comerem. Seus lábios sedentos estão sempre em busca de algo que lhe pudesse satisfazer tamanha fome de virilidade masculina, a feminina ela pôs sempre para fora do prato. O seu seguro olhar fixou-se num homem fisicamente abastado de sorriso cúmplice, segurava uma pasta de pele na mesma mão que em usava uma brilhante aliança. Segue-o lentamente com o seu olhar sem nunca o fazer recuar na troca de olhares, como se uma presa se tratasse, Tâmara apressa-se a apresentar a sua arma.
A sedução espontânea. Com um decote ousado algo esconde-se ainda que por pouco tempo, o tal busto que os homens tanto adoram e apertam, ela sabe que argumento pode apresentar e rejeita a hipótese de paleio excessivo.
Que aquele restaurante já escondeu mil e segredos é verdade, mas aquelas casas de banho evocam erotismo em qualquer azulejo. As loucas tonturas provocadas também por um claro excesso de álcool em seu corpo que não são exclusivamente de apelo sexual, são uma razão para apagar um passado pouco conseguido.
O chamado tesão toma conta daquele momento, e antes que algum dos dois acorde daquele momento, chega a altura do prazer explicito, sem tabus, sem panos quentes.
A saia de Lycra dela já rasgada ousa ainda esconder seu quente sexo, o curioso homem percorre cada centímetro da sua anca jamais tocada como naquele momento.
A provocação recorrente da língua dela pode agora trazer os seus frutos, a imensidão do prazer é misturada com um gemido de prazer da parte dele.
Para sempre ira ser recordado aquele levantar de perna, daquele movimento de cabeça sucessivo, daquela ejaculação precoce devidamente perdoada por uma mulher que para ela importa ter sexo e não de que maneira o ter.
De pormenores íntimos, e das respectivas trocas sucessivas de posições era necessário que o agora leitor tivesse meio-dia de tempo livre, Tâmara não tem esse tempo a perder, meio-dia perdido para ela resulta numa oportunidade desperdiçada.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Justiceiro do Século XXI


Esforçou-se para manter a caneca de cerveja em cima da mesa, rasgou-se em elogios á uma empregada da taberna, já embriagado de álcool denotava ainda capacidade e uma esperteza sublime. Tem a perfeita consciência que os actos que pratica não têm apoiantes muito convictos, Lúcio puro justiceiro do século XXI desvia cheques de gente mais abastada para entregar a famílias com poucas capacidades financeiras para suportar a miséria dos nossos dias. Lúcio carteiro de profissão colocado no gabinete financeiro da estação de correios da Cascais, tem por habito fazer entrar na sua gaveta cheques chorudos entregues na sua estação. Chama-se a si mesmo o Robin dos Bosques do nosso século, Junta a esse cargo, o de humilde Pai de Família encarregado de deixar em casa o ordenado mínimo, encorajado sempre por uma alegria contagiante impingida pela sua filhinha de seis anos. Por ela ele era capaz de correr meio mundo a procura da sua futura felicidade.
Os olhares suspeitos já se fizeram notar, a sua mão já actua mais cuidadosamente, já não procura a confusão para extraviar os cheques, eficazmente e lentamente foi ganhado a confiança dum chefe compreensivo e dedicado ao bom funcionamento da estação de correios daquela avenida. Lúcio caminha a passos largos para a reforma, caminha com o pouco dinheiro que vai ganhando de salário, aguarda que a calma reforma lhe traga o doce sabor de um jogo de cartas com os amigos, ou a dedicação constante a uma boa telenovela brasileira.
A sua luta constante contra a pobreza e infelicidade é legítima e justificada por um número ilimitado de razões, entre essas razões encontra-se a actual dona de seu coração. Embriagada de amor a doce Paula tem o seu carinho e amor guardado para Lúcio. Paula carece tanto de afecto que o ultimamente geme frequentemente ao telefone quando a Voz de Lúcio lhe traz boas e suaves palavras.
Momentos puramente de loucura contracenando com a inocente malvadez duns cheques extraviados por justiça ferrenha, abrigando uma mar de gente no seu coração era provável que desembarca-se numa terrível tentação de roubar para si mesmo.
Nesse aspecto tem-se mantido fiel aos seus princípios regendo-se por uma exemplar conduta. Tem a convicção firme que o céu lhe reserva um lugar, justificando-se com uma simples frase.

“Quem corre por gosto não cansa”

quarta-feira, novembro 09, 2005

Musica no Coração




Fiz questão de fazer amizade com a música, era menino inocente e já os meus pais colocavam musica no meu ouvido. Sou fascinado pela música e por tudo o que ela transmite, recordo-me de ouvir música durante tardes inteiras ao mesmo tempo que me imaginava como musico e artista. Lembro-me de ouvir aqueles famosos discos de vinil de quarenta e cinco rotações enquanto a minha mãe me dava um quente banho, não tinha mais de cinco anos e aquelas doces melancolias ficaram para sempre me meu ouvido. O gira-discos era pequeno e de qualidade duvidosa mas fazia girar a minha imaginação, parecia cansado de tanta musicar tocar e de tanta audição cativar. Era um puto simples que passava ao lado de qualquer birra de miúdo, Ficava sentado a brincar sossegado com os meus carrinhos sem me aperceber que o tempo efectivamente ia passando. As preocupações tinham só um alvo...o gira-discos da minha mãe. O vinil já riscado e possuído pelo pó lá de casa ia passando pelas minhas mãos como se um tesouro enorme se tratasse. Naquele tempo os sucessos de artistas portugueses faziam historia entre nós e ainda hoje me recordo de como o “Macaco gosta de Banana” de José Cid. Sentado no chão daquela sala passei por grandes sessões musicais, findo o disco colocava com muito cuidado o vinil dentro do caixote dos discos que a minha mãe fazia questão de guardar debaixo da cama.
Apesar de alguma dificuldades financeiras, a minha mãe fazia questão de trazer todas as semanas um disco novo lá para casa, e isso para mim era mais importante que qualquer brinquedo. Orgulho-me de pertencer aquele mundo onde a musica tem lugar especial, onde a riqueza da música predomina sobre questões materiais. Alguns gestos que ainda hoje faço (quando ouço musica) têm algo de criança, imagino-me com uma guitarra ou com uma bateria pronto para desafiar o mundo inteiro. Por preguiça ou por timidez a minha vida actual não esta ligada a musica, a não ser pela sua sucessiva audição. Penso que talvez numa outra vida longínqua essa prioridade me possa contemplar. A Musica como antiguidade é um bem necessário á vida.

sexta-feira, outubro 28, 2005

A Viagem ( Parte II )




...ousei olhar para a sua curta saia sem segunda intenção, fi-lo com a nítida sensação que nada me consegue fazer desviar da minha linha amorosa. Nessa altura passava nos altifalantes do comboio algumas mensagens de aviso de atraso no regresso á casa. Dessas mensagens deliciei-me com uma que dizia assim “ Caros passageiros permaneçam no seus lugares até que o comboio pare definitivamente”. Qual era afinal o idiota que iria saltar do comboio com ele em andamento? Algum espírito suicida talvez. Sorri com vontade de rir á gargalhada mas a inibição não me deixa ter estes momentos alterados. Sandra (é como se chamava a rapariga) sentou-se a minha frente com um menino em seus braços, perguntou-me se a podia ajudar a limpar a pura boca do seu rebento. Mesmo se não adorasse crianças como adoro, nunca podia ficar indiferente aquele pedido materno. O agradecimento em forma de sorriso foi levada por mim como uma ligeira e doce provocação. Pode-se agradecer com um “Obrigado” ou com um aceno em forma de agradecimento, mas aquele sorriso denunciava alguma atracção ou carência de afectos. Fiz-me estupidamente de parvo quando dei por mim a olhar cabisbaixo de vergonha para o chão daquela carruagem. Já envolto em remorsos sentimentais consegui finalmente “meter” a conversa em dia com a dita personagem. Afinal aquela rapariga que não apresentava mais de vinte anos deixou-me entrar na sua privacidade, deixou-me perceber que aos vinte anos a sua vida já deu mais de meia volta completa, fitando-me anunciou que o pai da criança a tinha prometido em casamento a poucos dias atrás e já tinha inclusivamente escolhido o vestido de casamento. Falamos acerca de tudo o que pode interessar a dois jovens nesta vida, aspectos musicais, contrapartidas amorosas e outros esquemas de fácil compreensão juvenil. A conversa demorou uma viagem inteira sem que nos tenhamos apercebido sequer do passar infinito das horas. Sempre que a conversa é boa e a companhia ajuda o tempo não tem limite para se apresentar. Chegamos enfim à estação de chegada sem sequer sabermos o nome de cada um, também o nome não importa muito quando o que interessa realmente é poder conviver e partilhar emoções legítimas.

segunda-feira, outubro 24, 2005

A Viagem ( Parte I )



Nublado e cinzento foi como o céu que se pôs em Évora naquela tarde, demorei a perceber que iria ter uma viagem atribulada por uma chuva miudinha quase omnipresente. Coloquei a mala por cima de minha cabeça e sentei-me relaxadamente naquele banco castanho já desgastado de tantos se sentarem nele. A carruagem onde entrei mais parecia saída daqueles filmes de terror de qualidade duvidosa onde o orçamento é muito curto e onde o argumento é feito á base de pequenos sustos. Sozinho me debrucei sobre uma janela encravada para dentro como se uma alavanca se tratasse, quando consegui finalmente a abrir parece que tinha ganho algum prémio de persistência. Quando já em viagem olho para fora daquele comboio parece que relembro a minha vida para atrás, é como se voltasse a velha e inocente infância cheia de pequenos truques para nos fazer despertar
Arvoredo e Reluzentes vivendas vão passando em meu horizonte, tenho por habito descontrair-me e abster-me do que me rodeia enquanto faço uma viagem tão fantástica.
A fantástico chamo o prazer que sinto ao ver paisagens espectaculares daquelas que possivelmente só vemos nos livros e documentários do “National Geografic”.
Pressinto que com o passar dos tempos cada vez seja mais difícil concentrar-me unicamente no que vejo lá por fora, o tic-tic do cobrador deixa-me distraído e preparado para entregar o meu bilhete já amarrotado de tanto o dobrar sem qualquer motivo, somente porque gosto de matutar em algo quando fico impaciente.
Ouço com algum estrondo um copo de moedas a cair, a intriga apodera-se mim (não fosse eu um Português) e passo com alguma insistência o olhar para fora do meu compartimento. Uma senhora já idosa e de gorro encarnado apanha algumas moedas caídas no chão da carruagem, preparando-se para pregar um sermão ao passageiro que inadvertidamente a havia quase atropelado. Resmungou, esbracejou e até gritou com tanto veemência que quem passasse por ali pensava que coisa mais grave tinha acontecido.
Tanto gritaria somente por umas meras moedas insignificantes para quem gosta de apreciar uma bela viagem de comboio. Voltei sem demoras ao meu compartimento aonde uma luz fundida fazia questão de tornar o ambiente cada vez mais íntimo e relaxante para quem vai pernoitar durante a viagem...Bem a que parece estas pernas que vejo agora não descuram nenhum cuidado físico de nenhuma espécie...

Continua...

segunda-feira, outubro 17, 2005

Canto duma Sereia



Já era noite cerrada quando me aproximei da praia lá da foz, corria um aroma com cheiro a algas que me enchia as medidas.
Ao chegar perto do areal húmido senti aquele som cada vez mais próximo de meu ouvido, senti que chegara a hora de me despir e fazer os meus pés sentirem o sal daquele mar. Lembro-me tão bem desse momento que sempre que penso nisso os meus pés ficam brancos causando uma sensação agradável de inquietude.
A Agua estava algo gelada e sentia mesmo algum frio, mas comparando com o entusiasmo que me rodeava a alma, tudo parecia ser despejado para detrás das costas.
Nunca escondi que o mar era o meu local de refúgio, é talvez o único local onde me sinto verdadeiramente escondido deste mundo. Sinto-me disposto a desafia-lo por mais uma vez, ao procurar nele algo de inovador e magico. O desafio prende-se com o simples facto de adivinhar o emissor daquele som apaixonante que me entrou dentro do espírito sem pedir nenhuma licença. Pensei em pedir ajuda á Neptuno mas este com tanto que fazer virou-me literalmente as costas sem sequer abrir a boca.
Que alguém faça o favor do o castigar quando o avistarem perto de terra firme.
As estrelas-do-mar sempre me iam mantendo atento e deslumbrado por infinita beleza marítima, hão de reparar que sempre que um livro afecto a crianças se desfolha existe sempre um desenho de uma estrela-do-mar a abrir caminho para um doce sorriso.
Senti-me perigosamente cansado ao nadar tantas milhas, a alternativa era repousar até que as forças pudessem de novo voltar a mim. Fico em descanso obrigatório alguns minutos para retemperar a energia perdida neste desafio entusiasta. Assustei-me com um toque duma mão salgada em meu ombro, virei-me sem saber que do meu lado esquerdo apresentava-se um ser de beleza indescritível, uma fonte de brilho imenso...umas formas de fazer corar a mais sedutora das mulheres.
Estava ferida em sua face, tinha embatido num rochedo quando foi acompanhante dum golfinho numa viagem á costa francesa e por isso pedia ajuda através dos fiéis seguidores do mar. Falou-me que a sua cauda já percorreu mares longínquos, que já se comprometeu com deuses do mar, que já sorriu perante percalços de tartarugas.
Aquele som afinal um misto de tristeza e sofrimento perante um descuido de iniciado viajante. Acenei positivamente quando me perguntou se podia fazer deslizar a minha mão pela sua face brilhante de modo a conter a sua ferida profunda. Não reconheci que a minha mão pudesse fazer milagres quase sobrenaturais, mas a dura verdade é que mal eu coloquei minha mão já enrugada na face daquela sereia esta pareceu pertencer ao mundo dos rejuvenescidos. Voltou o sorriso encantador, Voltou a baloiçar a cauda em sinal de satisfação...em forma de gratidão aquele beijo dela em minha testa fez-me acordar dos lençóis já transformados em amarras...

sexta-feira, outubro 07, 2005

Sem Inspiração




Especialmente hoje não sinto inspiração para escrever, não sinto qualquer ponta de entusiasmo em minha cabeça nem em minhas mãos. Ouço agora uma senhora de voz maravilhosa chamada Katia Melua e talvez o aconchego de sua musica me possa despertar para algo de especial. Tenho-me comprometido comigo mesmo que sempre que chega a uma sexta-feira tento escrever algo de concreto ou interessante, mas definitivamente hoje não é o meu dia. Talvez tenha chegado ao meu limite, talvez seja altura de repensar a minha maneira de escrever. Não gosto de finais anunciados, não gosto que as pessoas se façam de eterna vitima quando perdem a sua inspiração por momentos (Sim Cobain é para ti).
Traumatiza-me sempre que um criador se tenta justificar antes de fechar qualquer obra brilhante, parece que esse é sempre o meio para se justificar a perda da inspiração.
Fico sentado com os dedos no teclado á espera de melhores dias, pensado bem não existe dias piores ou dias melhores, existem dias em que a vontade se junta a inspiração e outros dias que não. Talvez hoje embarque numa sopa de letras ao jantar, se o sabor desta refeição me conseguir fazer sonhar com as palavras de novo.
A noite também pode ser um bom escape para sentir de novo o poder as palavras, a escuridão é sempre um bom motivo para uma boa reflexão. Esgotei variadas palavras neste espaço abençoado e nem a suavidade e complexidade amorosa me pode valer neste momento. Sei que vai haver um amanhã e que tudo pode voltar ao seu lugar.
Peço aos meus poucos leitores desculpa por este interregno de inspiração, afinal penso que também mereço uma oportunidade de voltar a merecer a vossa confiança.

sexta-feira, setembro 30, 2005

Boa Vizinhança




Ouço ainda aquele belo solo de saxofone ao virar da esquina, o velho Harry parece que continua em grande forma, O Harry era o tal vizinho barulhento que mexia com o nosso nervosismo permanentemente mas que ao mesmo tempo era uma pessoa de inigualável beleza interior. Ensaiava quando chegava do trabalho já noite feita e quando a mulher não lhe pedia para ir passear o belo do seu cão. Que sensação de liberdade e beleza ele conseguia transmitir as pessoas que passavam naquele subúrbio de New Orleans.
Sinto-me um virtual desmiolado ao ter conhecimento que a Beleza de Sally tinha voltado para violento namorado, esse que certo dia quase a matava á porrada por míseros dez dólares. A miúda como prostituta que era, tinha o reles defeito de roubar a carteira ao cliente sempre que este adormecia em seus frágeis e leves braços. Certo dia esqueceu-se de dizer ao namorado que para além do habitual serviço tinha garantido mais dez dólares de consolo. Este perdeu as estribeiras e pontapeou-a ferozmente levando-a a um internamento hospitalar de duas semanas. Do Carniceiro Jim deixei de ter noticias á cerca de 1 ano quando se mudou de malas e bagagens para a Europa juntamente com a sua filha deficiente, ainda hoje derramo uma lagrima quando penso o que aquele homem já passou pela sua filha, o sorriso ainda jovem de Jim perdeu-se na solidão duma doença mental sofrida pela filha num estúpido acidente de automóvel. Do seu talho apenas resta o aviso “Trespassa-se” pendurado na montra. Mas que pássaro pode entoar esta canção melódica que estou a ouvir com tanta curiosidade? É afinal a doce Maria que piscando-me o olho me faz ainda acalentar esperanças quanto a uma possível aproximação amorosa. Maria mesmo aos quarenta anos (que não aparenta) faz-me acreditar que o amor pode ser conciliado com o poder vocal.
Pois sempre que a ouço cantar parece que meu coração volta a explodir de amor por aquela beleza Sul-americana. Sempre que penso em amor é o nome dela que me surge em frente aos olhos. Gostava de acreditar que um dia aquele sorriso nunca se envelhecera para meus olhos. Mas o que faz um pobre escritor feito cantor movimentar-se tanto em redor daquele bairro? Somente lembranças de cumplicidade meus caros, lembranças de laços e de afectos...lembranças que um dia eu também me senti cúmplice daquela minha vizinhança.

PS: Dedicado para todos os habitantes de New Orleans que perderam a sua vizinhança.

terça-feira, setembro 27, 2005

Receio a Morte



Desejei nunca sonhar com a morte, só o cheiro da morte me arrepia e me deixa a beira dum medo momentâneo, preferia nunca ter de viver com ela, nem transporta-la ao longo da minha vida. Fico mesmo assustado ao vê-la atacar qualquer senhor de meia-idade pronto para dar ainda muito de sua vida aos seus progenitores. Forço a minha sentença ao apelar á morte que me deixe ser imortal, talvez se conseguir conviver com esse sonho a morte dê tréguas ao meu subconsciente. Mas o olhar oculto e misterioso que ela transmite também pode ser uma fonte de descobrimento para o próprio homem, este que está sempre pronto a uma nova aventura cientifica mesmo que isso traga consequências irreparáveis para a humanidade. Conseguir colocar a minha fobia da morte para detrás das costas é um objectivo que talvez consiga realizar quando chegar perto dos meus sessenta anos e entrar por uma igreja adentro para comprar a imortalidade que tanta santidade apregoa.
Nunca desafiei a morte e respeito-a muito ao ponto de nunca jogar os tradicionais jogos meticulosos como o copo no tabuleiro ou a tal foto do defunto perto do espelho ao escurecer. Não me quero colocar á mão dela para ela não me arrastar consigo.

Será mesmo que existe o céu e o inferno como opções colocadas pela morte?
Será que temos de fingirmo-nos fiéis seguidores de “Deus” quando somos colocados a porta do Céu? Será que cheiro ardente e aterrador que percorre os corredores do inferno chega para encaminhar-nos para lá? Poucas perguntas chegam para questionar a morte.
Só nos resta esperar pela nossa sentença pacientemente, enquanto isso penso que nós devemos viver a nossa vida conforme a nossa consciência nos vai ditando.
Certamente quando já tivermos a porta escura da morte, esta nos vai facultar uma resposta curta e dura...e talvez nesse instante eu diga “Olhe fica para a próxima, está bem?”

segunda-feira, setembro 19, 2005

Esquadrão sem classe



Estranho o facto da maior parte dos portugueses ligarem tanto á luxúria e ao enriquecimento fácil repentino. Demoro a entender como podem 5 sujeitos tomar as rédeas do “Share” da nossa Televisão, o que eles fazem ou o que são não me interessa nada. Interessa-me saber que tipo de programa estúpido e humilhante conseguem concretizar perante os nossos olhos, interessa-me saber qual o conceito deles de HOMEM...
Será que o homem que eles definem como conceito terá de ter as unhas bem tratadas e o cabelo limpo e brilhante como um modelo? Sinceramente não entendo como pode uma pessoa subjugar-se aos caprichos dos tais “Homens?”.
O modo como são seleccionados estes tipos de programa é que me deixam decepcionado
E sem entendimento possível na minha frágil cabeça. Enquanto no terceira canal passas a “não ser homem, não és nada” se não pintares as unhas, no canal numero quatro passas a ter a companhia feroz de 10 activos participantes numa companhia militar aldrabada.
Isto num fiz de semana rico em estupidez só podia ficar bem completo com um desfile de ricos e famosos (e com roupas emprestadas) para um aniversário duma famosa revista semanal.
Estava quase a completar o meu fim-de-semana sedento de qualquer bom filme quando na minha grande caixa magica aparece uma dúzia de borregos fascistas apelidando os homossexuais de possíveis pedófilos (bem que grande confusão vai naquelas cabeças).
Não sou hipócrita ao ponto de dizer que não vi os programas a que me refiro, porque efectivamente os vi porque senão não estava aqui neste espaço a critica-los.
Aliás só os vendo é que posso retirar qualquer utilidade que eles me possam oferecer, confesso que a única coisa que eles me trouxeram foram umas zangas com a minha cara-metade.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Querida Mãe




Fiquei certo dia á tua guarda, e soube que querias me proteger desse mundo egoísta e frio.
Nunca me senti desprotegido nem abafado com a tua presença, sabes quanto gosto de me sentir quente e aconchegado em teu colo. Soubeste desde o início de minha vida que algum dia abandonaria o teu ninho minha mãe.
Nunca me peças como regra para te visitar sempre com hora marcada, sabes que gosto de me sentir livre como pássaro na primavera e não preso a qualquer compromisso familiar. Possivelmente a esta altura já não me sentia capaz de suportar os teus medos e as rupturas frequentes contigo já não faziam bem até a minha consciência. Como sabes neste momento não tenho tanto tempo para te dedicar nem tanto carinho para te dar e apesar de ultimamente estarmos quase sempre de costas voltadas sabes que o carinho e o meu amor por ti são eternos.
Este texto (qual carta de amor) serve só para limar algumas arestas que podes ter sentido quando grito e esperneio contigo por algumas questões quase superficiais mas que levam as discussões quase brutais.
Penso somente que te devo a educação e a filosofia que me foi imposta por ti e pelo o teu fiel companheiro que guardo também logicamente em meu coração.
Vou-te sempre receber de braços abertos em forma de protecção.

segunda-feira, agosto 29, 2005

Sou mesmo Filho de Peixe...




É curioso que me sinta um pequeno monstro quando deito um pouco de carne á minha boca. Talvez um dia me consiga tornar um complexo vegetariano sem ponta que se lhe pegue. Não sei se é a minha consciência que me atropela sempre que a memória lembra-me o sofrimento de um qualquer animal, mas cada vez sinto mais compaixão com os animais.
Neste fim-de-semana fiz me pescador de rio e como a primeira experiência é um marco importante levei comigo a maquina fotográfica desejosa de tirar partido daquele momento único. Quando capturei o pequeno peixe ele parece que olhava para mim com cara de embaraço provocado talvez pelo medo duma mais provável morte. Aqueles olhos tocaram-me como talvez nenhum animal o tinha feito até então. Nem cão nem gato transportam em si tanta angústia ou sofrimento perante a dor como um peixe (visto por mim).
Fiquei imobilizado á olhar fixamente para os olhos deste e pensei para mim com cara de juiz, como posso eu apanhar um peixe com um olhar tão acusador e ao mesmo tempo tão assustado. Perguntei á pessoa que me acompanhava como o podia soltar de novo para seu lugar. Com um ar de troça disse que mesmo esses pequenos peixes eram bons para colocar na cova do dente, e que não valia a pena o deitar de novo para o rio.
Ora era completamente impossível no meu estado natural de sanidade colocar fim aquela vida, debrucei-me sobre a margem do lago e sem que ninguém suspeitasse coloquei-o de novo na agua. Naquele instante parece que tinha efectuado a boa acção do dia, foi como dar a mão a um cego para atravessar uma rua ou ajudar uma velhinha com as compras na mão. Peixe esse que parece-me que agradeceu de forma efusiva ao voltar ao meu encontro naquela mesma tarde, e perguntam-me como é que o reconheci e eu respondo...”Pelos Olhos”.
Pelo menos fico com a certeza que aqueles olhos vão acordar mais um dia, e se me recordar dele será quando ler o meu próprio horóscopo. Fica bem querido peixe...

segunda-feira, agosto 08, 2005

Abraçando o Amor...



Dentro de ti consigo ser feliz e realizado como ser humano, dentro de ti me esqueço que sou capaz de desiludir os meus amigos. Contigo ao meu lado sou capaz de devorar o mundo inteiro sem sequer mastigar. Quando viajo em minha mente por algo infinito é em ti que me revejo e que penso que podemos virar toda uma vida de pernas para o ar só por causa do amor...
Fomos abençoados por um amor que ultrapassa fronteiras sem perturbar quem viaja dentro dele, da carícia se fazem arrepios...do amor se fizeram afectos concretos.
Não sou bem capaz de definir o amor que tenho por ti e é com tristeza que muitas vezes quero que corras atrás de mim como uma fêmea sedenta de amor. Quando isso não acontece fico encharcado em emoções e pensamentos fúteis que só me prejudicam.
Tento convencer-me que sou o dono do amor de todo o mundo e que todas as pessoas depositam em mim a arte de amar o próximo. Com tanta profecia imaculada ainda vou virar um qualquer deus de felicidade eterna. Queria abraçar o mundo inteiro e aperta-lo com tanta força para que o ódio e a tristeza saíssem dele de vez.
Quero que me dês a mão quando te sentires sozinha nesta mundo sem ninguém para te confessares, quero que te escondas por detrás de meu coração quando a malvadez e a tristeza pairar por nossa casa. Por certo serei sempre teu defensor.
No acto do amor funcionamos como um acordeão maleável nas mãos dum músico de dotes artísticas bem vincadas, a doce melodia ouve-se suavemente e até se confunde com gemidos de prazer...
Não me peças para ser louco ou exuberante, ou para ser tímido e reservado. Pede-me só que te tente compreender cada dia melhor. Para que estas noites longas de verão não sejam suportadas só por um doido amoroso peço-te que me acompanhes sempre nesta viagem ao mundo do desconhecido amoroso. Qualquer dia daremos asas ao teu sonho eterno...
Prometo que tentarei ser sempre um homem á tua altura meu anjo amoroso.
Penso em ti sempre.

Dedicado a minha mulher...

sexta-feira, agosto 05, 2005

Diário dum incendiário




...Mãe já retirei o leite da cabra e preparo-me para ir dar uma volta com as ovelhas, o dinheiro que ficou na tua mesa-de-cabeceira é para pagar a conta da mercearia pois o senhor Chico já nos avisou que não nos dá mais fiado enquanto não pagarmos a totalidade da conta da semana passada. Com o pouco diheiro que sobrar podes-me comprar uns novos sapatos porque estes já se abrem há frente e neste verão os espinhos que atravesso no campo parecem cada vez mais...
Aquele senhor que nos visitou a semana passada voltou a pedir um novo trabalhinho, não sei ao certo o que se passa comigo mas ontem pela primeira vez senti muitos remorsos ao ver aquele triste espectáculo na televisão.
Mãe não quero fazer mais este tipo de trabalho, Sei que á noite quando vires este bilhete vais ficar aborrecida mas espero que não me batas mais como da última vez pois ainda sinto as marcas nas costas.
Sei que é muito dinheiro que está no envelope que o Senhor Doutor deixou cá em casa, mas ontem até a ovelha do primo Augusto morreu queimada porque ao fugir da floresta deixei cair o isqueiro sem querer. As pessoas aqui da Aldeia não sabem o que eu faço para voltar a calçar uns os sapatos novos mas o pior é que estes sapatos podem voltar a custar vidas humanas e isso eu não quero mais...
Pai tu que nunca deixaste que o Doutor se aproxima-se da nossa terra deves-me compreender mas infelizmente já nem escutar o meu lamento podes visto que a terra fez questão de te engolir para sempre. Mãe tenho feridas nos pés por percorrer tanto caminho ao longo do dia e quero descansar desta vida. Quero ser como os outros meninos da minha idade que jogam ao pião e as escondidas todos os dias deste verão. Quero voltar a brincar com o Douglas enquanto este me acena rejubilante com um osso na boca.
Procuro que o meu passado não se cruze com o meu futuro....
Mãe não quero voltar a colocar lume nas florestas....
Mãe ainda te adoro muito...


Vasco 11 anos de idade

quarta-feira, agosto 03, 2005

Paz na Irlanda finalmente...



...enquanto aquele terrível despertador toca mais uma vez para acordar Jasmim este permanece quieto e sonolento na sua cama, aguardando pelo grito de alvorada de sua mãe.
Bastou uma colherada naqueles cereais deliciosos para ver que a sombra do soldado inglês já não se encontra a porta de sua casa.
Fica intrigado com estranha ausência de segurança e corre para o andar de cima perguntando a sua mãe doente se viu hoje Peter o soldado inglês que permanentemente passeia em redor da sua casa sob forma de protector familiar. A mãe exclama que Peter partiu hoje finalmente para a sua terra natal e que possivelmente Jasmim não vai voltar a escutar o seu assobio de rouxinol.
Peter tinha o terrível hábito de assobiar quando se sentia nervoso e isso percebia-se a distância de um olhar irrequieto, até o sorriso parecia gélido quando pressentia o perigo.
Passar uma semana de saudades parecia ser o destino de uma criança cada vez mais silenciada por caminhos diferentes.
A Mãe explicou-lhe que o que importa naquele momento é a lembrança bonita que Peter deixou na mente e no coração de Jasmim e quando o tempo passar as feridas da saudade iram sarar e tudo se vai recompor.
Pegou na sacola com ar de paciente enganado e colocou todos os seus livros violentamente dentro dela com se estes tivessem alguma culpa de tanto desespero, a mãe por essa altura mostrou um sorriso cúmplice como que a preparar alguma boa surpresa.
Desceu a escada do seu pequeno apartamento nos arredores de Belfast e quase ia tropeçando talvez nas suas próprias lágrimas visto que um choro compulsivo como aquele sente-se como pedra em nosso asfalto. Saiu sem bater a porta com força e não se despediu sequer da mãe caminhou silenciosamente abrigando-se debaixo duma nuvem cinzenta.
Assustou-se ao ver uma sombra quase familiar, mas o assobio daquele homem não lhe deixava duvida era mesmo Peter que voltou somente para se despedir daquela criança chorosa de momento. Envolveram-se em abraços compulsivos quase assumindo um laço de paternidade que nunca se tinha reparado. O choro da criança agora derrama na farda do soldado Peter este que nunca assumiu qualquer compromisso de amizade com tamanho catraio sentia-se perdido por nunca ter reparado que daquele lado do Reino Unido são as crianças que mais sofreram com uma guerra injusta...

Paz na Irlanda finalmente...o mundo agradece...

segunda-feira, julho 25, 2005

Dança ao Luar








Como o sol bate em tua linda face doce anjo, que sol pode brilhar mais do que tu?
Que luz pode iluminar mais que o teu perverso olhar?
Fico a espera que um dia repares que o teu amor vive a porta duma quase loucura. Vieste dar a esta praia sedenta de felicidade porque assim o quiseste, reparo que as pontas brancas de teu vestido branco estão manchadas de tanta lágrima perdida. Tenho fé que um dia descubras que o amor não tem prazo de validade e que qualquer salto para a felicidade é um grande salto.
Ainda assim te dou o prazer de colocar a mão sobre mim quando me pedes para dançar, eu que danço tão mal quando fico enfeitiçado com tanto poder entre minhas mãos.
Teus poderosos olhos verdes buscam loucura e intima ousadia quando apontas para o meu coração e entre cinco dedos me aqueces a alma já ausente de paixão.
Dançamos a um luar escuro e ainda criança, e vejo que continuas a mexer-te com tanta sensualidade e perícia entre passos feitos de uma tremenda aprendizagem. Gosto de voltar a ver-te sorrir nem que seja por um só minuto, é sinal que ainda Satanás não te levou o amor que ainda preservas em ti.
Inesperadamente começas a derramar lágrimas em cima de meu peito, sabes que nunca vou rejeita-las, porque não sei viver sem elas, são como pão para a minha boca.
Custou-me limpa-las da tua face, e sorris abertamente quando digo que mais pareces uma bruxa velhaca de tanto me fazer sofrer.
Está finalmente aberto o caminho para a tua felicidade, os meus imediatos conselhos não foram em vão visto que os vais seguir. Tantos minutos de palavras doces foram uma preciosa ajuda para nós. Apresento-te ao mar sereno onde os “nossos” fiéis amigos peixes te aguardam para te abraçares á vida novamente...

Com dedicatória especial mas intima...

sexta-feira, julho 15, 2005

Amigos Cúmplices










Ignorei que pudesses um dia vir a ser meu companheiro neste mar doce como o mel.
Sorris sempre que entras em cada onda e me provocas com o teu focinho de estilo enrugado.
Já disse anteriormente a Deus que prefiro que a minha alma alguém a leve do que algum pirata te leve a ti para o sétimo céu.
Puxas-me para um pequeno-almoço em água quase fervida pelo sol, afinal deste teu mundo só me podes trazer peixe pouco graúdo que me dá somente para uma cova do dente.
Chegaste perto de mim ferido por uma espécie de loucura humana irracional e naquele instante em que te socorri ouvi o teu coração palpitar como a pedir uma lenta extrema-unção, não acudi a esse pedido e precipitei – me perante ti com a solução farmacêutica para as tuas horríveis feridas profundas.
Desde esse dia que nos tornamos cúmplices companheiros nesta ilha situada no Pacifico Sul, lembro-me perfeitamente que me agradeceste dias a fio por te libertar da anunciada morte.
Sim Amigo! Tinha-me comprometido contigo que conseguia desvendar daquela falésia alguma fêmea capaz de fazer andar com a cabeça a volta de tanto carinho, mas sabes que com estes míseros binóculos pouco mais consigo ver que gaivotas esfomeadas.
As vezes abraço-me a ti deslumbrando em meu pensamento a mulher que um dia eu deixei em terra, fazes parte do meu imaginário amoroso sempre que sorris como ela sorria.
Se um dia resolveres partir sem mim ao teu lado vou te entender como até aqui o fiz, julgo que o amor e a amizade não devem ser actos de sufoco absoluto e por mim tens toda a liberdade do mundo para procurares a felicidade.
Enquanto esse momento não parece chegar, vou entrando em ondas e marés contigo ao meu lado percebendo-me que um dia uma barbatana de apoio parece sempre chegar...

sexta-feira, julho 01, 2005

Num Futuro Próximo


...Afinal subestimei mesmo o Hernandez o meu andróide favorito, aquele que me serve o jantar pacientemente enquanto observo mais um jogo de futebol futurista. A minha ex. mulher já teria perdido a paciência (como perdeu) com tanto sinal de indiferença. Julguei que tinha sido enganado por um mero lojista chinês sedento de mais uns meros trocados quando o adquiri.
Quando entrei na loja e ele me cumprimentou com um olhar terno e insuspeito de qualquer vigarice notei logo que podia confiar nele. Acordo e estamos em 2025, e neste momento tudo gira a volta do sol...Dum Sol em forma de vida.
A actualidade resume-se a um sol que só ocupa duas horas do nosso precioso dia, em sinal de egoísmo puro propagamos tamanha poluição que até a mais doce das nossas estrelas nos vai ficando infiel. Cada minuto deste sol pode ser comprado com um animal bem constituido ou trocado por sementes de qualquer fruto. Mantenho a opinião que se nos voltarmos a juntar como seres humanos talvez consigamos dar a volta a este mundo surreal.
Saio para a rua escorregando por um tubo enorme, acciono o dispositivo de deslocação e encho de malas e barragens a minha pequena mas capaz nave terrestre.
Sinto que este é o momento exacto para viajar e para voltar a conhecer campos de relva fresca por esse mundo fora, rapidamente esta decisão de aventura me invade a alma.
Hernandez o meu fiel andróide (e companheiro nesta viagem) vai averiguando que tudo na nave esta conforme os dispositivos de segurança actualmente em vigor. Inocentemente o crepúsculo invade os nossos olhos e é um momento de puro êxtase, os humanos param tudo para o observar independente do que estão a fazer. Essa realidade que actualmente vivemos transforma-nos em autênticos filhos do sol visto quando nos penitenciamo-nos perante ele.
Já dentro das ilhas britânicas respiro ainda o ar puro do mar salgado, acariciado por um vento feroz capaz de fazer levantar o troféu da maior tempestade este Inverno.
Mas a natureza é mesmo assim, capaz de limpar-nos qualquer lágrima de tristeza quando nos sentimos inúteis, ou trazendo-nos um olhar soalheiro quando precisamos dum calor fraterno.

segunda-feira, junho 20, 2005

Quente verão de 94




...Procurei por ela naquela espuma macia, vejo corpos desinibidos quase nus dentro daquela máquina de música. A discoteca estava praticamente vazia naquele momento, até surgir uma leve brisa de verão que arrastou meus olhos fixamente sem sequer pestanejar. Era a tal miúda que sorria abundantemente para mim enquanto se exercitava naquela areia molhada no tarde de anteontem, seduzidos discretamente trocamos uns sinceros olhares daqueles que fazem vibrar o nosso coração.
Fiquei naquela noite a pensar como seria beijar um lábio sensual e quente como aquele que presenciei dias a fio. Entre suspiros rejeitei timidamente convites femininos para passear ao longo duma costa algarvia cada vez mais habituada a minha presença, mas sem romance á mistura. Procurava um amor de verão como se costuma dizer entre amigos, Procurava uma pitada de sal no meu coração...e para eu que queria alguma acção, aquele verão tinha de mudar.
Empurrei a minha timidez para fora de mim, procurei finalmente a aventura...ingerindo algum álcool prometi a mim mesmo que era eu que ia tomar a iniciativa de conhecer a minha alma gémea daquele verão. A situação ficou mais complicada quando uns “abutres” de óculos escuros procuravam conquistar a “minha paixão de verão”. Compreendi mesmo naquele instante que a “Trela” estava mesmo virada para mim visto que apercebendo-se da minha presença esquivou-se inocentemente para pedir um copo de sangria.
Ao longo da noite a aproximação sucedeu-se vagarosamente, falamos de relações entre pessoas e de sentimentos perdidos ao longo das nossas vidas. Demorei a perceber e a compreender que com aquela meia dúzia de minutos não se consegue conquistar ninguém com dois dedos de testa. Combinamos mais algumas saídas nocturnas para que aquele beijo que ambicionávamos não se perdesse entre memórias amorosas. E finalmente quando esse momento chegou parecíamos velhos amantes comprometidos de tanta ousadia.
Entre saudades e algumas lágrimas na despedida prometemos a nós mesmos que iríamos encontrar o nosso “Sapo enfeitiçado” sem olhar para atrás.
Trocamos números de telefone para que pudéssemos matar algumas das saudades que nos iríamos fazer ressacar daquela paixão de verão.
Foi uma quente paixão de verão que me fez despertar para uma vida recheada de pequenas e doces aventuras...

quinta-feira, junho 09, 2005

Tempo de meditar



Quase adormeço com a luminosidade que aquele monitor me transmite, noite já vai longa e o meu pensamento não vai mais alem do que uma cama macia. O sono já vai me perturbando a cabeça de tanto matutar neste tema. Tinha-me “prometido” com a minha vizinha Barradas que fazia este pequeno texto em forma de pequena homenagem a tudo o que vai para alem de 2 monitores neste mundo da Internet. Escrevo como alguém disse um dia “com o coração perto da mão” e fico aguardando que meio mundo me leia com sentimento e alegria. É isso que tento transmitir quando escrevo os meus pequenos textos.
Por vezes quando a memoria e criatividade me trai, fico com a sensação com tudo se pode perder a qualquer momento. Felizmente tenho conseguido dar a volta a situação visto que o mundo que me rodeia não me deixa indiferente e sossegado na minha cadeirinha de baloiço. Existem sempre críticas para fazer e pequenos desejos e sonhos que vejo nascer a cada dia que passa. O mesmo mundo que me viu nascer é o mesmo que me vai acolher um dia quando a teimosia de ser imortal tomar a minha consciência de vez.
Adormeço com um tema na cabeça e enquanto não o exploro conscientemente não descanso, por vezes esqueço-me que tenho que acabar uma frase ou uma exclamação. Acreditem que não faço isso de propósito, somente a energia que as vezes toma conta de mim não foi contemplada com nenhum curso superior de escrita. Fico feliz que me leiam e que me dêem mais alguma motivação para continuar a escrever como o tenho feito até agora. Muitas vezes uma palmada nas costas e um incentivo melancólico me deixa com uma energia quase sobrenatural. Sinto que já não me consigo libertar desta teia de escrita, parece que a minha cabeça é poço de temas e de sonhos.
Vou para umas suaves ferias longe desta rotina diária, vou para descansar mas levo sempre temas para pensar e meditar, espero que as palavras não me magoem nesta altura pois como em qualquer desafio não gosto de ficar a perder...
Prometo que não vou ficar por aqui...

terça-feira, maio 31, 2005

Deslumbro imensa sabedoria...



Sereno espectador me sinto ao deslumbrar com tamanha situação incomoda, um cego que me apanha desprevenido e no seu jeito meio gingão procura a minha mão.
Finjo-me de cobarde e tento passar despercebido entre a multidão, envergonho-me disso mas é uma tendência minha passar despercebido em tudo o que faço.
Os comentários são diversos e procurando respostas para tantas questões o cego afirmava que a sua rotina diária nunca é igual de dia para dia, e existe sempre algo para descobrir e tanta coisa para apreender. Escuto-o com muita atenção como costumo fazer com qualquer mestre do conhecimento ou da sabedoria. Fico a pensar que um dia também possa ensinar aos meus netos tudo o que apreendi com aquele sujeito naquele dia.
Fecho de propósito os olhos por um segundo e sinto-me por momentos vitima duma cegueira precoce que me foi imposta por um tal de Deus. Parece que nessa altura nada é real, parece que sinto todo o mundo desmoronar-se sobre os meus ombros encolhidos por tamanho receio. Temo esta experiência quase real, reabro rapidamente os meus olhos e questiono:
Então como se sentira uma pessoa que nunca viu o mar?
Que nunca viu um sol vivo nascer entre nuvens?
Que nunca deslumbrou um crepúsculo no horizonte?
Tantas questões não serão colocadas por mim certamente neste curto passeio de dez minutos até porque a minha eterna timidez não me permite infelizmente novas intimidades. Cheira o aroma de um perfume caro no ar, sorri fiel ao seu olfacto e ergue o seu chapéu a um senhora atraente que passa por nós.
Esta viagem só acaba quando passo o testemunho a um jovem da minha idade, Hoje espiritualmente sinto a falta daqueles dois dedos de amena cavaqueira, sinto que todos estes pequenos pormenores podem fazer uma grande diferença na minha mente. Necessito de aprender com os mais velhos sábios deste nosso mundo, pois eles fazem-me aperfeiçoar os valores que eu defendo.

terça-feira, maio 24, 2005

Previsões futuras

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Poucas vezes ouço o uivar terrível daquele comboio cheio de sofrimento, mas quando o ouço não nego que fico a pensar o quanto vai ser penoso vivermos para sempre.
A imortalidade não é desejável nesta altura onde parecemos todos loucas baratas irrequietas andando de um lado para o outro, vagueando por entre ruas cheias de pedintes ou de emigrantes miseráveis procurando pão e sobretudo atenção.
Escuto Dona Vitoria aquela senhora que todos apregoam como vidente, mas que afinal pouco mais faz que ler o antigo diário de sua querida vizinha assasinada por um marido louco de ciúme. Ela não me traz grandes novidades quotidianas, mas fica particularmente alterada quando lhe pergunto como se vai comportar a Humanidade daqui a largos anos. Protegendo-se na sau resposta afirma que somente temos que viver o presente e esquecer um futuro possivelmente muito sombrio.
Mas que presente questionei eu, aquele presente onde fugimos de qualquer compromisso estável ? Ou quando passamos a perna a um amigo eterno só por uns míseros trocos? Aquele presente onde fazermos crer aos nossos filhos que a escola é o melhor escape para uma estabilidade profissional?
A Bruxa Vitoria deixa escapar por entre murmúrios inaudíveis que até ela fica horrorizada e enfurecida quando o próprio senhorio de seu condomínio lhe pede dinheiro para sustentar a sua barriga sedenta de mais uma cerveja de malte ou para trocar mais umas caricias com a prostituta lá do bairro.
Realmente olhando em minha volta o aspecto daquela horrível carcaça de madeira vulgarmente chamada de casa mais parece uma barraca de um pequeno canino. Passados alguns minutos deparei que á primeira vista aquela conversa já era mais uma amena e saudável cavaqueira do que um compromisso profissional da parte da Vitoria. Ela tinha-se finalmente aberto a um completo desconhecido que só queria umas respostas convincentes.
A certa altura falou do que sentia pela sua filha, e da maneira como foi mal tratada por um bairro onde vivia há vinte e dois anos com a mesmo humildade de sempre. Para complementar o feitiço que ela inadvertidamente colocou sempre mim, só restava friccionar as suas mãos sobre mim para que uns pozinhos mágicos de felicidade eterna caíssem sobre meu ombros. Afinal essa era mesmo a única razão para o qual eu procurei aquele tempo misterioso.

quarta-feira, maio 18, 2005

Friends will be Friends...



...Cansado e com pouca lucidez me desloquei de corpo e alma para a já famosa e assombrada casa dos Horrores, erva seca eu encontrei a pregoar chuva, ventos de solidão e de carência fizeram-se convidar naquele segundo. Nunca sonhei que aquele momento pudesse chegar, e é estranho vê-lo divertido e deprimido ao mesmo tempo que fuma um cigarro.
Passamos momentos inesquecíveis juntos e se o tal senhor vindo dos céus quiser, ainda vamos ter muitos segredos e historias para contar um ao outro. Acciono o botão de cumplicidade visto que nesta imensidão de tempo nunca encontrei argumentos validos para uma necessária desintoxicação mental.
Fecho o punho temendo não conseguir fazer desaparecer as lagrimas que me voltam agora aos olhos, mil e uma situações passaram-me pela cabeça naquele hospital durante a minha caminhada. Pedi-lhe compreensão e menos teimosia nas suas acções, afinal os gestos em comum que tivemos neste imenso tempo que partilhamos a nossa amizade não foram em vão.
A minha primeira visita foi uma dura etapa de percorrer pois nunca tinha presenciado as caminhadas desconcentradas dos doentes daquele ala.
Só mesmo naquele mísero cubiculo ele conseguiu se refugir do demónio azarado que o atormenta á variados anos. Aquele demónio fictício em que nós nunca acreditamos reage agressivamente a qualquer fuga duma próxima vitima,
Tenho o sonho de lhe tocar na alma e o poder convencer a sair daquele edifício de cal esbranquiçada cheio de compromissos muito dos quais inacabados.
Daqui faço um apelo...que o amor e a amizade posso derrotar para sempre a “doença” que o meu fiel amigo compadece neste momento. Para ele que preza tanta a amizade será uma tarefa fácil, já que nesse campo ele é um verdadeiro líder.
Nunca te sintas perdido porque quando abrires verdadeiramente os olhos nós estaremos ao teu lado...

quinta-feira, maio 05, 2005

Equilíbrio emocional



A Pura sensualidade feita de salto-alto passa por mim junto ao largo do calvário, aquele olhar de temível devoradora de preconceitos passados já não pára para pensar ou escutar qualquer conselheiro.
Finge ser mulher adulta, mas carrega em si o fardo da solidão interior, esta deusa jamais deixara qualquer homem feito macho intrometer-se na sua vida privada. Aquelas lagrimas de tristeza derramadas por um afecto perdido que um dia percorreram seu rosto, foram as ultimas da sua vida.
Abusou da sinceridade e do carinho do Antunes e exclamou que somente queria o do Artur por uma só noite, onde o compromisso não passe-se para o seu coração agora gélido.
Aquele sorriso de matadora percorre cada olhar de nós vulneráveis homens, julgamos sempre ser possível conquistar cada coração solitário e ressentido. Quanta destreza e coragem permite ouvir certos comentários menos abonatórios em se favor, vulgarmente chamados de mexericos, próprios de mulheres invejosas da sua infindável beleza.
Alimento ainda o sonho de ver aquela mulher feliz de novo, talvez um dia ela possa voltar a transgredir as fronteiras do real amor, daquele amor que ocupa nosso coração com prazer e custa a limpar...
Aquela rotina diária feita de papeis para transcrever ou faxes para enviar não permite mais que alguns dedos de conversa com a sua simpática mãe sempre preocupada com a sua vida, agora cada vez mais pessoal. Realmente o que ela tem de melhor para oferecer são as suas doces palavras construídas com uma inteligência sempre superior a uma conversa banal.

Ps: Fico com a sensação que muitas mulheres sentem um prazer climático ao verem-se livres dum amor sincero e objectivo, sentem sempre que somos nós que temos de condescender ou de pedir perdão...
A Independência emocional é quase uma utopia desejada...

terça-feira, maio 03, 2005

Orgulho Nacional



...Portugal vive actualmente pequenos momentos de gloria e fama, dividido entre as conquistas de José Mourinho ou a possível nomeação de vários políticos nacionais para altos cargos mundiais. Portugal passados quinhentos anos volta a conquistar o mundo pelo menos em nosso pensamento fictício. As conquistas já não se fazem através de velhas cascas de noz, mas somente por palavras ou gestos.A Europa invejosa ainda tenta limitar a nossa intervenção em muitas áreas essenciais como as pescas ou a agricultura, mas jamais poderá impedir que o orgulho e a vontade lusitana se espalhe por essa Europa fora.
Com uma pureza de alma peculiar Amalia conquistou o poder de ser reconhecida graças ao seu enorme talento musical, entretanto Aristides de Souza Mendes ia salvando milhões de judeus de uma morte anunciada, Lúcido e com uma enorme coragem Salgueiro Maia derrotava um estado caduco e ditatorial. Fiquemos então com o cravo da liberdade do nosso lado, fiquemos com a memória que metade do mundo já esteve nas nossas mãos, dessa memória fica um passado que alegra nossos avós quando lhe perguntamos como era viver num tempo em que tudo parecia sorrir em seus horizontes.
Penso efectivamente que o tradicional povo português é demasiado passivo em diversos assuntos tais como a justiça ou o direito de expressão.Muitas vezes marcamos greves somente por interesses de outros, Atiramos sempre a primeira pedra porque sabemos que mais tarde vamos iremos pedir uma indemnização choruda, ou sacrificamos nossos filhos a ir a catequese porque nos foi dito que era agradável para a educação deles.Sinto-me bem em ser Português, penso que ser Português é ser diferente para melhor. Mas constante vitimização que fazemos transparecer não devia fazer parte do nosso vocabulário, devíamos enaltecer sempre o que temos de bom para oferecer.
Críticos destrutivos que sejam os outros...

sexta-feira, abril 22, 2005

A Revolta ( Parte II )



...Assustei-me com um choro quase infantil e deslumbrei no meu olhar um animal sangrando pedindo quase clemência como a um deus de outro mundo.
Enfim o lobo se aproximou inocentemente como alguém que tem receio de algo ou de alguém, e eu também estava inseguro e com um medo que procurava não demonstrar para fora de mim. A única vez que estive perto dum verdadeiro lobo foi quando a minha tia pegou em mim literalmente ( pesava 120 kilos) e me levou a visitar o Zoo de Lisboa.
Chegando-se perto de nós o seu olhar misterioso e cúmplice não deixava duvidas...Tínhamos entre mãos um assunto delicado.
Peguei no utensílio que tinha mais a mão e tentei resguardar-me de qualquer ataque feroz do animal visivelmente entristecido. A respiração ofegante e medrosa da pessoa que habitava na minúscula cabana podia-se ouvir a quilómetros de distancia. Estávamos perante um ambiente pesado. Ao ver-me com um olhar receoso, o lobo sorriu como quem quer-nos pregar uma partida inesperada.
Afirmou que a única lembrança ou sentimento que efectivamente queria de volta era a sua dignidade quer como animal, quer como ser vivo.
Pediu a minha mão como uma criança pede um rebuçado e apontou para detrás da porta de madeira.
Debrucei-me sobre ela e reparei que algum sangue ainda fresco manchava aquele mísero chão feito de canas de açúcar. Depois de muito vasculhar entre as canas com um cheiro moribundo encontrei finalmente o que causava o desespero daquele animal...Uma pequena fêmea ainda respirava milagrosamente.
Tantas eram as suas feridas que mal se viam os olhos de desespero do doce animal
Não foi necessário pensar muito para encontrar o responsável pela aquela atrocidade...
Deixei o lobo enraivecido pela tristeza duma cria perdida tratar da situação duma forma muito pouco pacifica. Fiz-me de indiferente face aos gritos de desespero que vinham da cabana depois de eu a abandonar..
E se existe alguém que eu possa condenar não é o concerteza o velho lobo...

terça-feira, abril 19, 2005

A Revolta (Parte I)



Fico a espera dum salvamento que possivelmente nunca ira acontecer, mas que ilhéu mais estranho este a que vim parar... Tem um lado mais obscuro e denso onde uma neblina teima em não desaparecer de vez e um lado onde o azul sorridente do mar entra pela terra adentro enchendo de beleza aquele lugar especial. Resignado a este local jamais deixarei de acreditar que tudo continua igual no outro lado do planeta para o bem ou para o mal.
Por isso pressinto algo de familiar nesta ilha, talvez aqueles sons que me entram no ouvido e que não me deixam adormecer, tragam-me uma pequena esperança de sobrevivência. Já não sonho com a sociedade em que vivia, onde o “stress” me levava calmamente para uma morte com meu próprio consentimento. Do acidente só guardo uma folha de papel e uma caneta oferecida pelo meu enfadonho patrão quando me fez subir de escalão.
Certo dia tomei-me responsável de mim próprio e resolvi invadir aquelas robustas palmeiras para procurar algo para comer sem ser fruta ou o fresco peixe do mar.
Caminhei pouco tempo até ficar realmente surpreso com aquilo que os meus olhos deslumbravam no horizonte próximo, Uma cabana feita de cascos de palmeira e da borracha preta duma roda de avião. Afinal mais alguém tinha sobrevivido aquele terrível acidente...Tinha agora uma sensação de alegria acompanhada por uma recente duvida.
Quem para além da minha pessoa não se atrevia a procurar ajuda?
Quem procuraria logo um refugio quando nesta ilha só existia um puro Sol?
Fiquei abismado quando aquela criatura abriu a porta de sua humilde cabana, trazia vestida uma capa negra enorme já roída por animais furiosos com algo.
Ao principio praticamente não a reconheci visto que se contava pelos dedos da mãos as revistas cor-de-rosa que desfolhei aos longo dos meu trinta anos.
Mas aquele olhar de vitima triste ferida com suas declarações anteriores jamais dava o braço a torcer por qualquer sentimento de alegria ou ternura. Me implorou que a salvasse daquela ilha para que pudesse continuar a sua saga de tortura por um precioso casaco de peles. Exclamou que tinha esse direito á vida como qualquer outro ser humano.Depois das recentes declarações desta senhora, fiquei abismado com tamanho sinal de arrogância...como devem calcular.
Subitamente fomos interrompidos...

Continua...

segunda-feira, abril 11, 2005

Para o Filho da Terra



Fico assim de braços cruzados a espera que meu orgulho desapareça e que possa pelo menos perguntar ao enrugado adepto se o posso acompanhar nesta caminhada. Tenho quase trinta anos feitos de alegria e devoção por uma terra perdida lá para o interior do nosso Pais, Fui sempre honesto comigo próprio, mas agora procurarei enfim a minha estabilidade social. O que aquela terra não compreende é que apesar das saudades que sinto por ela, a minha família esta bem acima de qualquer lagrima nostálgica. Aqueles caminhos de areia que percorri para não faltar a mais um treino de conjunto foram finalmente recompensados, e a ansiada mudança de ares pode agora surgir a qualquer momento. Continuo no entanto a possuir no lugar do Coitão a minha ilustre casinha feita de seis meses de trabalho árduo sem receios de mazelas provocadas pela inexperiência em construção.
Sou um filho duma terra sem idade, onde os putos crescem a olhos vistos ,onde a fruta ainda é apanhada directamente das arvores e onde ainda existem amola-tesouras encaixados ao volante de suas bicicletas. Infelizmente já não marcarei mais golos naquela baliza virada para o quintal da Sr.ª Aurora, o meu treinador bem me disse que enquanto aquele galo horrendo cantar jamais deixarei a aldeia...Mas para o bem ou para o mal o galo bateu asas deste mundo depois deste ultimo natal.
Apesar desta repentina mudança, fico certo que esta minha identidade aldeã nunca se perderá de todo, tal como o sotaque que guardo em meu coração. Curioso foi o acto de ternura manifestada pelos meus conterrâneos quando me ofereceram como recordação uma compota caseira com meu nome inscrito no rotulo dizendo apenas “Para o filho da terra”.
Despedidas emocionadas foram inúmeras, daquelas que vou guardar para sempre na minha memória e em meu coração. Choros quase infantis eu presenciei naquele dia em que todos os lenços foram poucos para limpar tanta lagrima.
Nesta altura quando me debruço pela janela do autocarro ainda sinto o cheiro de saudade no ar...

quarta-feira, abril 06, 2005

Aquele Abraço



Pascoal observa com encanto e atenção a sua mais doce progenitora, ele sabe o quanto foi difícil retira-la daquele pedaço de terra mal frequentado. Ter um lar era tudo o que aquela cadela precisava, O afecto de Pascoal por aquela cadela já vem de longe...Vem daquele tempo em que passava de autocarro escolar pelo bairro e reparava o quanto o animal se sentia indiferente e triste pelo mundo que lhe foi apresentado. Pegou no seu dom mais elogiado (a coragem) e dirigiu-se ao motorista do autocarro perguntando se podia parar na sua caminhada diária para articular com o antigo dono qual a melhor forma de proporcionar uma melhor vida aquele peludo animal.
O Motorista estranhou tal atitude vinda de um menino de 7 anos, Mas com aquela idade Pascoal já libertava um cheiro tremendo a adulto.
Finalmente o motorista (depois de muito reflectir) decidiu dar a oportunidade ao menino de acolher o seu maior sonho.
Dirigiu-se ao dono com um simples sorriso fazendo prever a ansiedade que aquela acção despontava em si mesmo.
Pascoal ainda tem na memória o quanto foi difícil convencer a sua mãe a aceitar mais um distribuidor de bagunça lá para casa.
Levemente a imperatriz peluda apanhou pelo focinho a tristeza lá de casa e literalmente a despejou porta fora.
Os pais do menino actualmente sem aquele bichinho de estimação não conseguem disfarçar a tristeza em suas faces.
Aqueles Abraços fraternos de alegria e soletrados por uma magia impar jamais deixaram que alguém decida futuro por eles proprios...

quarta-feira, março 30, 2005

Serás sempre uma Vencedora...



Empurro um solitário pião de madeira esverdeado, enquanto o lanço vou relembrando que existem desenhos animados para ver na caixinha magica. Aquela bola que guardo religiosamente atrás da porta de madeira foi-me oferecida pela mão do João no dia do meu sétimo aniversario. São inúmeras as vantagens de não termos quaisquer responsabilidades quando somos crianças, de não temos idade para nos preocupar-mos com um futuro próximo, de não sentir-mos remorsos quando falhamos qualquer objectivo.
Especialmente quando somos bem vigiados e aconselhados pelo nosso anjo da guarda.
Aquele olhar sempre me protegeu, aqueles braços enrugados pelo trabalho nunca me desprotegeram, aquele carinho e ternura que sempre me enriqueceram como ser humano.
A Dona Rosa sempre me acolheu e por altura de manifestações de aventura, bradava aos céus que me protegessem contra qualquer ferida ou dor provocada por um Skate todo equipado e veloz.
Fico com sensação que o vazio que ela me deixou no coração nunca se há de perder no tempo nem na memória, mesmo quando a idade já me atrofiar estas malditas ideias.
Aquele desejo de baptismo religioso o qual ela nunca se esqueceu de referir quando nos víamos fez com que eu me senti-se um neto único. Para já não é uma aposta para o meu futuro, mas quem sabe um dia quando a morte me preocupar verdadeiramente possa transportar para a igreja católica as minhas convicções religiosas.
Aquela agua fervida já não queimara mais o meu braço infelizmente, e digo infelizmente porque se isso acontece-se era sinal que ainda me vias e me sentias diante de ti.
Tenho saudades da minha avó, de vê-la de lenço na cabeça e de panela na mão.
De sentir o quanto ela me amava e a doçura com que ela me deitava.
Se o tempo não fosse meu inimigo podia escrever até que a mão me doesse, visto que nunca poderei transpor para um simples texto tudo o que me deixaste na vida.
Em ti Dona Rosa vejo o exemplo de como o carinho e o amor é tão importante como o ar que respiramos ou a agua que bebemos. Desculpa a minha ausência querida avó.

terça-feira, março 15, 2005

Comandante Bolinhas...



Para quem não o conhece apresento-lhes o meu modesto e rápido “Bolinhas”.
É com ele que navego no mar do pensamento quando uma doce melodia me invade o ouvido, e me deixa permanentemente concentrado na sinuosa estrada.
Foi numa maravilhosa tarde de primavera do ano passado que o “Bolinhas” me veio parar a mão, vinha triste por abandonar um dono que cuidou dele anos após anos.
Olhou-me de baixo para cima e reparou que eu era um jovem talvez demasiado inconsciente e inexperiente na rede rodoviária. A surpresa com que lhe presenteei no primeiro dia de passeio o fez mudar de opinião num instante. De baunilha foi o cheirinho que lhe ofereci no nosso primeiro teste “Conjugal”. Bem podia ser uma aliança mas tamanha demonstração de fidelidade poderia originar da parte dele uma desconfiança desnecessária. Afinal que é que oferece algo no primeiro encontro? Só um adepto da reciprocidade rápida e sem qualquer valor sentimental.
A bandeira dos Xutos foi a única manta que ele me pediu para fugir a um gélido inverno.
Vejo que ele nesta altura continua o mesmo carro dedicado e obediente como no nosso primeiro contacto. Parece coisa de outro mundo esta dedicação que ele me oferece, Sem se queixar de mazelas lá vai ele seguindo o seu caminho nada conflituoso com o alcatrão.
Obrigado meu companheiro de viagem por tamanha dedicação...
Obrigado por seres mais uma fonte de imaginação...

sexta-feira, março 04, 2005

Desafio Sexual



...Fico a espera dum peito cheio húmido e ferido de tanto sol, Fico amargurado com o que podes sonhar ou pensar acerca de mim, só por querer partilhar contigo as minha fantasias pouco peculiares. Este clímax que se aproxima será intenso e rejubilante como nenhum outro, nele sinto uma enorme pressão feita de pequeno segundos de surpresa. Te ousei penetrar como nunca o fiz ou ousei fazer, e sinto que me conheces brilhantemente. Logo não poderás colocar em causa a minha integridade só por causa de um acto sexualmente tresloucado. Tenho sempre o cuidado de parecer um gajo de dimensão sexual limitada, onde tudo tem um limite e um código de ética responsável, apesar de nem sempre ser fácil controlar o impulso da atracção (vulgo tesão).
Reparo que esse teu olhar surpreendente não se revela assustador para a minha pessoa, mais pareces uma deusa bem deliciada e satisfeita com tamanha ousadia minha.
Exclamei que queria um prazer imediato e reciproco como outro qualquer sentimento.
Aguardo ansiosamente que quando eu chegue a casa tu me agarres com um sorriso e me leves para uns lençóis lavados de imensa brancura.
Ousei desafiar-te, espero uma contrapartida de todo irracional da tua parte...

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Humilde Coito



Contagem decrescente para o meu novo coito, nele espero partilhar todas as alegrias e tristezas que saudosamente me aguardam. Apartamento de idade duvidosa mas com uma imensa vista para um dos mais prazeres da natureza...o Mar. Com as minhas ilustres economias tentei compor dentro do possível o meu castelo e o que preciosamente
desenhava em minha cabeça. A minha luz da vida, conhecedora da actual realidade economia nacional e mundial não entrara em exageros supérfluos e desnecessários impedindo assim de sermos felizes.
Fico a aguardar saudosamente a visita de todos os meus amigos fraternos que rejubilavam
Secretamente para que toda uma vida não se perdesse por uma simples e fútil solidão.
É incrível a tomada de consciência que fazemos quando compramos ou investimos numa casa, é uma decisão para toda a vida (ou quase toda) e que devemos pensar muito cuidadosamente para não cometermos nenhum erro crasso. Subitamente vamos criando uma empatia com a casa que nos acolhe e esse sentimento poderá ser misteriosamente mutuo se tratarmos de todas as suas feridas diárias. Solitária e tristonha será ela quando a abandonarmos diariamente visto que outras obrigações se levantam...
O Prazer dum primeiro olhar sobre um rio tem algo de especial, a minha ligação a algo que envolva agua tem sobretudo no intimo um prazer que me faz muito feliz num curto espaço de tempo. Humilde é o termo certo para adjectivar a casa que receio nunca sentir entusiasmo, nem poder financeiro para sair dela...Um punho no ar em forma de mais uma desafio pessoal concretizado.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Presente envenenado



Procuro não defraudar as expectativas dum povo inteligente e sábio.
Sei exactamente o que vocês pobres e imaculados seres pretendem, enfim nada de novo...Umas sementes, Umas moedas e umas imaginarias terras para cultivar vossa impaciência democrática. Não julguem que com a vossa revolta sangrenta me podem influenciar meu ego egoísta e distorcido dum realidade própria contemporânea.
Podem falar, gemer ou enfeitiçar quem vós pretende machucar, mas nunca saberão conciliar a ignorância com o ingratidão.
Julgo saber que essas mulheres que mandei torturar não passavam de meras prostitutas muitas delas disfarçadas de poetas surrealistas. Vocês nobre povo ardente e responsável que consegue camuflar qualquer jornal ou artigo de opinião com uma sabedoria incrível soube sempre tornear as dificuldades com que vos nostalgicamente presentei.
Souberam sempre estar um passo a frente do conceito de democracia.
Agradeço-vos pela combatividade demonstrada.


Dr.º António de Oliveira Salazar

Juventude filiada na indiferença?



Fevereiro nasceu coxo a pedido de um deus superior.
Ficou perdido de amores por um inverno deslavado e estranhamente fechado.
Lá do céu o nosso deus superior e intimo não se limita a instruir a temperatura mundial, ele escuta e aconselha os aspirantes políticos a soberbos competentes. Quem lucra são os Portugueses e Portuguesas a que se reserva o direito de elegerem quem mais lhe entrou na alma nas ultimas semanas. Por motivos de segurança nacional aconselho vivamente a que votem cedo face a abstenção que se vai registar no dia 20, o imenso pó que se vai levantar nas urnas não deixa margem para duvidas, podemos sinceramente apanhar com uma virose qualquer. Mas tenho um pedido para vós fazer...Votem.
Um amigo meu comentou no seu blog que a juventude anda fugida da política.
Penso que ele tem razão, Basta para isso sairmos da rotina e dirigirmo-nos a um comício Partidário. Além da fartas cabeleiras brancas e vozes eleitas para disfarçar á pouca convicção podemos ainda assistir que a juventude esta mais preocupada com o resultado do Futebol Cascalheira do que com uns avisos submersos que podem muito bem ser dum conceituado e respeitado político (já restam poucos em Portugal).
Tenho orgulho na geração dos meus pais, eles que derrubaram muros e regimes, criando ao seu redor um espécie de escudo protector contra a lengalenga partidária do costume. Fico com a vaga sensação que gostava de viver nesse tempo em que tudo parecia mais difícil de concretizar e entender, e que por isso talvez uma vitoria tivesse um sabor de clímax. Espero sinceramente que algo em Portugal possa mudar a partir de dia 20 e eu não peço muito, peço somente que a busca da nossa identidade ou crença política comece numa juventude com ideais mais ou menos concretos.
Votem em vocês no dia 20...

terça-feira, janeiro 25, 2005

Sejamos mais prudentes...



Existem vozes que não deveriam sequer ser escutadas, Certamente isso se aplicaria a um verme chamado Le Pen. Esse senhor veio hoje nas entrelinhas das noticias afirmar que o Nazismo não foi “Assim tão mau”. Chego a pensar quanto pode um homem ser egoísta e estupidamente ridículo. Somente corpos e corpos desgostosos se podem levantar das suas campas amaldiçoadas ao ouvir afirmações deste calibre desumano. Mas o ressurgir do culto nazi foi também foco de brincadeira de um príncipe irresponsável em outra hora mimado pela deusa do Humanismo Mundial.
Diana talvez merecesse mais respeito do seu rebento.
É necessário a todo o custo impedir que este flagelo mundial volte a carga, olho a minha volta e vejo indícios fortes que isso um dia pode voltar a acontecer. Chamo pela minha memória diária e vejo muitas pessoas mais preocupadas com o alastrar duma catinga certamente mal cheirosa (mas própria de quem trabalha) do que o corrupto empresário.
Esta vida que jamais permite longas e demoradas utopias não devia dar atenção a quem pratica um mal tão desnecessário como o Racismo e a Xenofobia.Sejam prudentes em vossos actos.