segunda-feira, outubro 24, 2005

A Viagem ( Parte I )



Nublado e cinzento foi como o céu que se pôs em Évora naquela tarde, demorei a perceber que iria ter uma viagem atribulada por uma chuva miudinha quase omnipresente. Coloquei a mala por cima de minha cabeça e sentei-me relaxadamente naquele banco castanho já desgastado de tantos se sentarem nele. A carruagem onde entrei mais parecia saída daqueles filmes de terror de qualidade duvidosa onde o orçamento é muito curto e onde o argumento é feito á base de pequenos sustos. Sozinho me debrucei sobre uma janela encravada para dentro como se uma alavanca se tratasse, quando consegui finalmente a abrir parece que tinha ganho algum prémio de persistência. Quando já em viagem olho para fora daquele comboio parece que relembro a minha vida para atrás, é como se voltasse a velha e inocente infância cheia de pequenos truques para nos fazer despertar
Arvoredo e Reluzentes vivendas vão passando em meu horizonte, tenho por habito descontrair-me e abster-me do que me rodeia enquanto faço uma viagem tão fantástica.
A fantástico chamo o prazer que sinto ao ver paisagens espectaculares daquelas que possivelmente só vemos nos livros e documentários do “National Geografic”.
Pressinto que com o passar dos tempos cada vez seja mais difícil concentrar-me unicamente no que vejo lá por fora, o tic-tic do cobrador deixa-me distraído e preparado para entregar o meu bilhete já amarrotado de tanto o dobrar sem qualquer motivo, somente porque gosto de matutar em algo quando fico impaciente.
Ouço com algum estrondo um copo de moedas a cair, a intriga apodera-se mim (não fosse eu um Português) e passo com alguma insistência o olhar para fora do meu compartimento. Uma senhora já idosa e de gorro encarnado apanha algumas moedas caídas no chão da carruagem, preparando-se para pregar um sermão ao passageiro que inadvertidamente a havia quase atropelado. Resmungou, esbracejou e até gritou com tanto veemência que quem passasse por ali pensava que coisa mais grave tinha acontecido.
Tanto gritaria somente por umas meras moedas insignificantes para quem gosta de apreciar uma bela viagem de comboio. Voltei sem demoras ao meu compartimento aonde uma luz fundida fazia questão de tornar o ambiente cada vez mais íntimo e relaxante para quem vai pernoitar durante a viagem...Bem a que parece estas pernas que vejo agora não descuram nenhum cuidado físico de nenhuma espécie...

Continua...

4 comentários:

xein disse...

.... que continue brevemente.... porque o início deixa-nos com vonrtade de ser o resto! :)

Anónimo disse...

Se não continuar hoje vou ter que te bater!

Anónimo disse...

Que raio,agora que finalmente vim visitar o teu blog,a história continua!Então,pá?Como acabou a viagem?A frase final é intrigante...Mãos-à-obra!Bjs

Anónimo disse...

O post anterior é meu!Desculpa.Fica Bem.Sofia F.