quarta-feira, novembro 29, 2006

Passeio na Solidão




Senti-me hoje diferente perante o rugido feroz daquele animal, tinha-me tornado um ser horrível, já presto vassalagem ao meu patrão, já acordo sem a minha mulher ao meu lado, já descobri que afinal o racismo é uma palavra aceitável na minha vida.
Nada, nem ninguém me fizera abrir os olhos no momento certo, devo a todos vocês este momento que por agora vivo, nasci bom moço, de raízes humildes, de sorriso brilhante no rosto, depois tornei-me um egoísta frio e fingido.
Agora passo a maior parte do meu tempo a volta dum bar de Lisboa recheado de prostitutas e proxenetas moribundos, vulgos marginais de nossa brilhante sociedade.
A Cerveja passe-me finalmente pela goela, é fria e sabe a teimosia infinita, a mesma teimosia que me atirou para uma solidão ainda maior que a Morte. Nunca receei perder a mulher da minha vida, agora receio que ela se perca no outro mundo dos amores, o mundo dos amores fiéis e espiritualmente ligados. Sempre permaneci indiferente aos frequentes apelos dela. Á famosa frase “ Outra vez Tarde?” respondia com um suave “Deixa-me em Paz” ou então um popular “ Não me chateies”. Até essa altura ela aturava-me de corpo inteiro, fingindo-se duma Madre Teresa.
Entrei em contacto pessoal (Fascinado por umas meias de liga visíveis) com uma atraente executiva de uma companhia de viagens, sentindo-me de novo numa puberdade sempre possível de recuperar. Fascinado com a aventura nos primeiros tempos senti-me regozijando de novo uma doce juventude. A aventura custou-me umas malas feitas de lágrimas e terríveis arrependimentos, Finalmente senti que uma porta se fechara para sempre, a porta da felicidade eterna estava inevitavelmente fechada.
Vou agora de novo vagueando pelas ruas mórbidas de Lisboa, fechado em mim mesmo não consigo ainda suportar o terror duma solidão á muito anunciada.
Pensei que o suicídio fosse para mentes mais fracas, chamei nomes impróprios á morte, mas ao mesmo tempo senti nela um escape para tudo isto. Depois de não sentir mais nenhum dado motivador da própria vida, resolvi experimentar o novo mundo.

terça-feira, setembro 26, 2006

Protegendo o Amor




É fácil não ter ninguém com quem falar, basta querermos um cantinho para ficarmos sozinhos.
Gosto de ser egoísta no meu cantinho, aquele cantinho que temos lá em casa e que nos faz passarmo-nos para o lado de lá. Lá onde podemos de novo ser felizes, continuo a pensar que ás vezes é o melhor caminho para uma felicidade eterna (se é que isso existe).
Neste mundo de Egoísmo não consigo arranjar espaço para nós os dois meu amor, queria também que te protegesses deles, tapa-te com aquela manta que te comprei no dia dos nosso aniversario pois eles não te conseguem apanhar se estiveres protegida pela manta do meu amor. Que a tua maior protecção seja o teu coração, e que nele continues a cultivar o carinho por aqueles que amas e que sentem esse sentimento forte.
Deixa para mim o trabalho mental de combate-los com as armas que tenho, a escrita é uma delas, é talvez a única maneira encoberta de os mandar “foder”.
Aqui na terra meu amor, fala-se de um lugar onde não existe inveja nem tristeza, chama-se terra dos sonhos e é cantada pelo Jorge Palma em dias de solidão permanente. Parece que essa terra cantada é difícil de encontrar e só se torna visível quando partimos no autocarro da felicidade acima da paragem da alegria. Penso que nos podemos unir “minha gente” contra este nosso mundo, podemos partilhar segredos e inconfidências sem que não nos arrependamos mais tarde de tamanha ousadia.
Ouço-te partilhar um segredo com um vizinho nosso, dizes tu que eu sou um sonhador e que sonho com o utópico diariamente, A força que me faz sobreviver é essa mesmo, é ter ainda tempo e coragem para poder ter sonhos. A ilusão com que escrevo é a mesma que me faz ainda sonhar, meus olhos ainda conseguem visualizar uma saída para esta hipocrisia. Mas temos de ser rápidos pois os vampiros engravatados estão prestes a descobrir o caminho do amor…É esse o único sentimento em que nós ainda seres humanos amorosos somos diferentes deles.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Desilusão Religiosa

Aviso importante: Todos os textos aqui escritos foram da autoria de Carlos Martins qualquer cópia directa ou indirecta é favor comunicar ao Autor.Obrigado.






Desejei conhecer Deus, essa criatura tão poderosa em nossos dias. Pedir-lhe uma explicação daquilo que passa impune no nosso Mundo. Ele então chegou sem avisar, vinha de longe…tão longe que os pés estavam manchados de sangue pisado. Senti-o mais perto de mim quando a luminosidade que trazia sob ele se transformou em Sol madrugador de Inverno. Não era o deus tradicional de cabelo comprido e capa branca, trazia meio peito tatuado de feridas, fingia-se cego e travesso acolhedor das nossas gentes.
Lamentava-se que não podia agir em conformidade com as regras saudáveis da convivência, sentia-se incapaz de lutar em tantas frentes de guerra e contra tanta miséria.
Pediu me compressão e compaixão nas palavras que por vezes liberto para os céus em jeito de revolta contra o mundo do egoísmo e arrogância. Nunca tive tempo para o perdão e para a desculpa, senti-me perdido num mar de lamentações constantes a que somos sujeitos por fanáticos cristãos, vulgos escravos duma religião podre de tanto palrar. Virei-lhe as costas para me proteger das suas palavras ilusórias, a ilusão faz parte da demência da pessoa que esconde factos, assim que se aproximou de mim senti um cheiro tremendo a mentira e a deslealdade. Quem julga partilhar toda a sabedoria é ele, é a ele que lhe apregoam as beatas famintas de pregoes e de maldade, é a ele que se perdoa tudo mesmo que para isso se martiriza mais almas inocentes. Não aceito que se maltratem crianças e animais para que tenhamos mais um bocado de terra para cultivar armas de guerra, se ele não pode fazer nada para que serve então…?
Serve para o acolhermos em nossa casa quando alguém desfalece…
Serve como objecto decorativo duma simples parede…
Serve para o pendurarmos ao pescoço para nos dar um sorte que nunca chega…
Julgo saber que uma tal de madalena teve um caso amoroso com ele, logo desmentido pela própria religião mais podre, se ele não é humano então como pode ele amar alguém…realmente pensando bem esse senhor não é capaz de amar, porque se fosse capaz mesmo de amar não nos deixava montar a nossa “guerrilha” de interesses diários. O amor vem da própria alma, é ingénuo e parece tímido quando alguém lhe pergunta “porque chegaste?”…

quinta-feira, julho 13, 2006

Burguesia mata a vida?




Que vida de luxúria, sentimentos apagam-se literalmente quando a palavra dinheiro sobe a cabeça. Pego numa taça de champanhe e tento nunca passar despercebido em qualquer festa social.
O caviar esse deixo-o de parte, sinto-me um pequeno deus longe de seu rebanho, a insanidade parece sempre querer voltar quando suspiro pelo papel miserável, a burguesia sempre foi a minha disciplina favorita e a minha primeira opção de vida impingida pelos meus pais. A minha vida pessoal e privada é sempre forçada pelos meus pais que me vigiam do 1º andar da moradia quando chego a casa a altas horas da noite.
Marques o meu condutor pessoal costuma dizer que nem os abutres pernoitam daquela maneira a espera da sua presa, pessoalmente chego a sentir o ar abafado da sua respiração logo que dou entrada no pátio. Sou um apaixonado pela vida e pelo mar, anseio sempre me perder nas ondas escuras das noites de verão. Anseio ao mesmo tempo pela minha liberdade, até meu coração está preso a uma mulher que não amo.
Procuro sempre refúgios ou alterações hormonais em meu corpo para compensar a pouca actividade que tenho na minha vida sexual.
Tenho uma forte convicção que um dia poderei chegar apaixonado a casa de novo, pois estou perdido de amores por uma filha duma empregada lá de casa,
Combinamos sempre encontrarmo-nos depois de ela acabar a sua faxina diária.
É na escuridão que fazemos amor, que trocamos carícias, que nos beijamos ardentemente. Talvez por ser filho da luxúria e do dinheiro tenha por habito preservar o direito ao amor e ao afecto, gostava um dia de passar fome, não ter pão para comer para sentir o verdadeiro aroma do sofrimento.
Subo a pique na minha ainda curta carreira, tenho sempre um empurrão garantido pelo meu tenebroso e poderoso pai que me chama já um futuro mega consultor.
No futuro aonde ele me vê, não há espaço para mendicidade ou para a pobreza extrema, só existe realeza e burguesia, se fosse por ele mandava desocupar as ruas, e punha mendigos e deficientes em lares escondidos da nossa sociedade.
O respeito que ainda tenho por ele, deve-se ao facto de ele ter construído o seu império com suas próprias mãos, apesar de muitas vezes sujas com a palavra corrupção.
Não quero que me ofereçam dinheiro, carros caros ou luxuosas vivendas, quero me sentir responsável pelos meus actos, quero poder dizer ao mundo que vivo a vida que escolhi, nunca suportarei a palavra “menino do papá” e refugio-me na violência quando me chamam isso. Poderei ser consciente dos meus próprios actos um dia?

quarta-feira, junho 28, 2006

Momentos Íntimos




“Mais vale tarde do que nunca!” Expressou-se alegremente o convicto e ainda moço ardina. Tinha-lhe prometido que lhe comprava o jornal hoje, aquela ultima página de classificado de ontem deixou-me intrigado.
Aquela mulher atraente parecia mesmo a Raquel, vizinha da minha mocidade, companheira de longos primeiros beijos juvenis, Deusa com um pião nas mãos. Agora ao que parece tem Homens poderosos a babarem-se para ela, babarem-se é o termo mais limpo em que pensei.
O Charme e a beleza ao que parece ainda continuam presentes, a avaliar pela foto apresentada só a cor do cheiroso cabelo mudou, aquele louro natural tinha-se evaporado, agora o castanho claro tornou-se assumidamente mais apelativo ao calor humano.
Prometi coragem a mim mesmo para lhe telefonar naquele mesmo dia, as vezes temos receio de ser mal interpretados quando telefonamos a pessoas que poucas vezes estão presentes nas nossas vidas pessoais. Mas a Raquel é uma pessoa completamente diferente das outras, nela parece que o sol brilha até mais tarde, parece sempre que o dia se transforma em noite.
Quereria o destino que nos voltássemos a cruzar? Assumi para conter- me que nada me passaria pela cabeça sem ser uma doce conversa entre duas pessoas com objectivos pessoais completamente diferentes.
Na Foto dos classificados ela estava como sempre apetecível, como que a pedir inocência e travessura nos actos sexuais que em cada noite pratica com os seus clientes.
Demorei a pegar no telefone, era envergonhado como antigamente, O Melhor da história é que ela sabia isso e fez-me aguentar 5 minutos de perguntas difíceis daquelas ousadas mesmo. Depois de me massacrar com questões relativos ao maior dom dela (o Sexo), passamos para momentos só nossos, momentos em que vivemos uma linda infância, curioso o facto de ela se lembrar de mais momentos marcantes do que eu próprio.
Antes de se tornar uma preciosa acompanhante, Raquel foi uma menina daquelas endiabradas e fugitivas, fugia dum terrorista chamado dentista e arredondava a saia para os meninos mais envergonhados.
Foi útil a nossa conversa, servir para limar algumas arestas sentimentais, afinal ela tinha-me mantido em seu coração este tempo todo, ainda sonhava comigo quando se deitava naquela cama vazia de tanto carinho e compreensão.
Aqueles dez minutos passaram a correr, foram minutos feitos de saudades e de emoções que nunca me esquecerei…

quarta-feira, maio 31, 2006

Os Stressados.




Hoje em dia o stress é considerado uma doença, e haja respeito por esses doentes então. O respeito pode-se resumir por deixa-los passar quando eles estão cheios de pressa para apanhar o autocarro que os vai levar a casa 5 minutos mais cedo do que o esperado. Esses 5 minutos são ocupados na retrete a matutar sobre o chato do patrão ou falar sozinho com a sua revista cor-de-rosa na mão.

Os Stressados não param nas passadeiras e atropelam peões e animais desprotegidos,
Os Stressados sopram para dentro e resmungam quando alguém se atrasa ao passar o passe do Metro.
Os stressados correm para barco quando este já partiu.
Os stressados muitas vezes falam sozinhos.
Os stressados chegam a casa e despejam problemas profissionais em casa.
Os Stressados costumam morrer mais cedo.

Pequena nota: Começar de novo custa…e eu estou a começar de novo.

quinta-feira, março 23, 2006

Menina que se fez Mulher...




És ainda pequena, a cor de teu cabelo é castanho quase claro, cheira ainda a seda pura, caminhas descalça por aquele caminho de cabras. És já menina graúda, tens a inteligência na ponta de língua, e soltas-te feita dançarina quando ouves aquela doce música Cubana, ainda no bar do Gonçalo tem reconhecem como a legitima filha de Barranquilla. Se fosses mais travessa talvez o mundo da moda descesse a teus pés, sabes que com essa cara marota e rebelde pouco mais podes desejar do que um bom par de dólares, visto que a tua própria consciência não te deixa chegar mais longe. Aquela cuspidela na cara do teu empresário fez com que o mundo da moda temesse cada gesto teu, tenta esquecer quem se quer aproveitar do teu belo corpo e tenta soltar a tua energia para outra área. Foi isso que a Isabel fez, no mesmo dia pegou no saco de desporto e saiu apressada do escritório do seu empresário. Pegou no seu antigo violão e espreitou o túnel do metro ainda pouco frequentado nesse dia, as pessoas que passavam paravam e olhavam para ela como alguém determinado a alcançar os seus objectivos e talvez por isso a ajudassem colocando as moedas na sua mala de viagem feita caixa de esmolas.
A Vida em Santa Fé era assim, uma cidade acolhedora onde cada esquina apresentava uma história diferente, Isabel era um pouco assim, representava ao mesmo tempo várias personagens diferentes. A da menina travessa que roubava os namorados das amigas, A adolescente rebelde mas tímida que se preocupava com o bem-estar da sua família em Barranquilla.
O tempo e o seu trabalho levaram-na a conquistar o mundo somente com uma canção, uma canção que fala dum amor cego, dum sentimento forte arrebatado por uma emoção de cortar a respiração. Cada nota solta respira sentimento, Respira sensações…
Anos mais tarde tem literalmente o mundo a seus pés, com muita emoção conseguiu conquistar o seu espaço musical no Mundo, Sente-se daqui a esta distancia que ela tem a cabeça no lugar, sabe posicionar-se fora de qualquer controvérsia, apoiando instituições de caridade, apelando sempre á uma maior interligação mundial. Entre portas continua a ser a Isabel, em mais de meio mundo adoptou o nome de Shakira. A ela dedico a minha homenagem não póstuma…

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Carta de Despedida





“São estas fotografias a preto e branco que me fazem voltar a sonhar, agora depois destes longos anos sei finalmente que é da Júlia que gosto. Decidi escrever esta carta para que a minha consciência fique limpa de vez, Antes que a memoria não me atraiçoe resolvi colocar numa mísera folha de papel todos os anos dum amor impossível. Tenho agora sessenta e quatro anos e tenho uma doença fatal com um destino traçado desde o passado mês de Janeiro, maldito este tabaco que me fez perder anos de vida sedentária na minha cadeira de madeira. O amor foi para mim a única riqueza que me fez agradecer a minha existência, apesar de não a ter passado com a mulher que sempre amei, a Júlia um dia lá nos céus nunca me ira perdoar senão a tivesse a honrar agora nestes instantes. Pois foi com ela que partilhei os melhores momentos da minha vida, foi sempre a Júlia que eu imaginava quando fazia amor com a minha mulher, era sempre a Júlia que me vinha a cabeça quando me perguntavam qual era a mulher da minha vida. Pobres jovens que pensam que o amor nasce duma conversa dum mundo virtual como a Internet, Pobres mentes aquelas que pensam que o amor nasce numa primeira cambalhota nocturna. Agora que sei que a morte me espera e que não há possível abrandamento nesta estrada, só me resta pedir perdão á vida por ter desejado mais do que ela me podia oferecer, se a vida me perdoar poderei partir com a consciência tranquila e rejuvenescida, própria de quem voltou a conquistar um sorriso que tinha por perdido por longos anos.
Tenho já idade para ter juízo como dizem os meus netos quando resolvi programar uma mini reunião de família, em que anunciei a minha doença terminal. Todos os meus filhos choraram compulsivamente, os meus netos não se aperceberam de declaração e inocentemente continuaram a brincar com uma bola que lhes tinha oferecido pelo natal. Nessa reunião também afirmei que iria escrever esta carta de despedida e que nada me podia mudar de ideias, já que nesta vida nunca tive oportunidade de provar a minha coragem perante a minha cara-metade, tenho agora oportunidade de faze-lo depois de morrer…
Santa Júlia que estais no céu perdoai-me esta farsa romântica que foi a minha vida com a minha mulher, tu que sempre me aconselhaste a divorciar-me dela sem nunca pedires o meu amor em troca. Perdoa-me este erro que mudou para sempre a minha vida”.


Assinado: Gustavo de Sousa Mello.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Cinco manias minhas...






Aceitando o desafio da Xein, aqui vão as minhas principais 5 manias.

- Tenho a mania que escrevo bem, possivelmente pelos comentários elogiosos que recebo aqui no meu blog, sei que muitas vezes escrevo frases que não combinam nada, isso deve-se ao facto de que por vezes tenho muita dificuldade em exprimir-me somente por palavras.

-Vivo com a mania que sou um gajo adorável para toda a gente, quase todas as pessoas que conheço ressalvam o meu companheirismo e amizade.
Só pelo facto de dar uma pequena esmola ao um pobre sinto-me super feliz.

-Tenho a mania submissa de ouvir musica em todos os momentos, mesmo quando não estou a ouvir musica, apanho-me a cantarolar os versos das mesmas.
A minha vida sempre foi preenchida pelo bichinho da música, e claro os Xutos são essenciais nesse aspecto.

-Sinto que tenho a mania de ver televisão, a caixinha magica para mim é essencial nos nossos dias. Faço de conta que aquilo é uma pessoa para mim, trato-a tão bem que fico assustado quando ela dá um click de tanto aquecida.

-Acho-me com a mania que sou um grande jogador da bola, jogo a bola por paixão e porque tenho de perder alguns kilinhos. Por vezes sinto-me a jogar em grandes palcos e em grandes competições, quando desço de novo á terra fico desiludido com os meus pés.

Lanço o desafio para a Miúda...

terça-feira, fevereiro 07, 2006

O Amor é um lugar estranho...




O Calor aperta e a tua sensualidade espalha-se entre ventos húmidos, fico com um sorriso tímido nos lábios enquanto esfrego os olhos para te ver melhor. Vens lá de fora sinto, Sinto que esses cabelos louros já foram veneno enfrascado para o coração de alguém, espelhas confiança entre longas pernas robustas de tanto as cultivares fisicamente. Reparo que o teu olhar é reconfortante para todos os homens que olham para ti. Sem me aperceber ficaste paralisada a olhar para a minha vizinha, sabia perfeitamente que as mulheres gostam de se comparar, de cultivar fortemente o sentido da moda, de medir o sentido das palavras umas das outras, mas nunca na minha cabeça pensaria que fosses lésbica. Relembro que não tenho nada contra qualquer orientação homossexual, a cada um compete essa escolha, e que ninguém tem nada a haver com isso. Mas olhando para aquela criatura deslumbrante sentia que o desgosto amoroso tinha sido a mais que provável consequência para o desvio sexual da atraente senhora, perto dos quarenta anos ainda se sentia o cheiro a juventude. Sem dúvida que aquela troca de olhares fintou-me perfeitamente, abismado fiquei a saber que sensualidade e a moda não se compara entre mulheres, compara-se afinal a importância de uma escolha sexual, e a completa descomplexidade em falar disso. Existem mulheres que se assumem como lésbicas outras que preferem um anonimato sombrio e frio em que até um simples olhar as fazem tremer de vergonha.
É sempre preferível (penso eu) pensarmos com a nossa cabeça sem olharmos as consequências que dai viram.
A minha vizinha ficou hipnotizada com tamanho acto de sedução, sentiu-se mulher de novo, sentiu-se como nunca antes se tinha sentido. O apalavrar desse momento foi o próximo passo, trocaram moradas e os encontros sucederam-se quase por impulso.
Seu marido nunca suspeitou como é que ela de repente ficou um autêntico furacão na cama, nem como alterou os seus costumes diários. As duas criaturas vivem agora um amor escondido, escondido numa lógica do prazer imediato, o amor também tem destas coisas, consegue transformar os seres humanos em óptimas pessoas.
Um amor escondido, nunca é um amor perdido…

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Pensameto Positivo





…”Por falar em amor minha querida, já viste o quanto te amo minha querida pequenina?” – Foi a frase madrugadora da avó da Miúda, enquanto fazia um suculento pequeno-almoço feito de torradas e um delicioso salame. Ainda de pijama, a miúda olha para ela com um sorriso no olhar, aquela face lembra-lhe ternura e afecto.
Nesta madrugada fria, o seu cobertor foi mais uma vez aconchegado pela sua avó, que não consegue dormir descansada enquanto não souber que a sua neta está enrolada pelo seu amor. Repleto de estrelas o céu sorriu e abraçou mais uma vez aquele momento de tão doce que era, de tão querido que era. O Silencio estendeu-se na noite enquanto a avó permanecia imóvel como que a olhar para a sua filha, não era sua filha mas era o seu ente mais querido. A sua neta predilecta podia agora dormir descansada, pois o seu anjo de guarda jamais à abandonaria.
A avó era daquelas pessoas simples que molham o azeite no pão, que não têm vergonha de comer frango com a mão, daquelas pessoas que sentem que alguém lhes adora, e convivem bem com a alegria do próximo. A miúda sempre viu isso como exemplo, e hoje em dia é uma mulher de sucesso, casada e com um sentido de responsabilidade incrível, quer-se sempre fazer forte perante os outros, mas por dentro tem um coração de manteiga daqueles que fazem nossos olhos piscar.
Existe uma cumplicidade forte entre estas duas mulheres, afinal toda uma vida junta pode criar cicatrizes que perduram para sempre, que seja sempre assim, que a união faça sempre a força, e que a força da ternura se espalhe por todos nós.
A correria hoje em dia é tão infernal, que nem sequer ajudamos um cego a subir um degrau com medo que cheguemos atrasados ao emprego ou a um compromisso amoroso. Olhamos para o lado sempre desconfiados com que algo de mal nos aconteça, e sorrimos quando uma desgraça acontece. Hoje em dia é difícil amar alguém como aquela “rebelde” miúda ama a sua avó, nela ela vê o fiel caminho da felicidade e da alegria, todos os dias ela olha para a lua e pergunta pela sua avó.
A Lua responde que ela não tem nada com que se preocupar, que a sua avó permanece no caminho da vida, aquele caminho em que todos nós nos gostamos de cruzar. As Lágrimas têm tardado a correr novamente, o fantástico pensamento positivo dela afasta qualquer fantasma inconveniente e de pouca coragem.
Miúda ouve o teu coração, sabes bem que a vida nunca te vai deixa mal, sabes que enquanto o amor existir, a vida terá sempre força para existir…

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Recordando a Vida...




Enfrascado de tanto álcool, senti-me quase perdido neste caminho iluminado por um luar misterioso e complexo de difícil compreensão. Apetecia-me mais um cálice de vinho do Porto suculento daqueles que nos deixa um sabor doce na boca. Fiel na minha caminhada demorei a perceber que naquelas horas o único som que se podia ouvir era o vento fazer-se rasgar e um grilo pequeno a cantarolar.
Mais parecia um cortejo fúnebre, aquele pisar de mato, aquele bosque que agora me envolve tem um cheiro tremendo á resina acabadinha de sair daqueles jovens arvores.
Sem ter qualquer oportunidade para fazer iluminar o local, achei por bem colocar meus pensamentos positivos em dia para fugir a uma penosa e melindrosa sensação de escuridão. Refugiei-me em acontecimentos positivos da minha existência e descobri que existem acontecimentos de elevada importância na minha ainda curta vida, a minha primeira fralda, o meu primeiro beijo mais sentimental, a minha adolescência representada por uma inútil capacidade de aprendizagem escolar.
Apaixonei-me pela vida finalmente, demorei a entender que aos trinta anos a vida parece querer voltar para atrás, então que esse retrocesso nunca se reflicta numa pele enrugada. Esse meu medo é partilhado também pelo espelho lá da casa, que se vem enfurecendo com a minha vida sedentária e de pouca energia matinal.
Nesta viagem na escuridão enfureci-me comigo mesmo pelas oportunidades desaproveitadas, o tema do insucesso escolar voltou a incomodar a minha mente, essa foi talvez a situação que mais me arrependo nesta vida.
Voltei a cambalear e foi tropeçando em algo que me fez recuar dois metros naquele bosque, uma pedra luminosa tentava passar despercebida na escuridão. Peguei nela como um amuleto sagrado e coloquei-a no meu bolso apressadamente.
Aquela pedra poderia significar algum sinal divino, alguma mensagem de apoio ou sorte na minha vida (o jackpot no euro-milhões não esta incluído na descrição de sorte). Acreditei que aquela pedra me poderia trazer algo de positivo e sagrado, ao chegar ainda bêbado ao meu apartamento demorei a entender que afinal a sorte e a coragem sempre me protegeram de uma maneira ou de outra, e que para ter toda a sorte do mundo nem é preciso ser muito rico.
Basta um Pensamento positivo sempre que a tristeza tente invadir as nossas vidas…
Basta acreditar na própria vida…

terça-feira, janeiro 17, 2006

Afinal na Morte também há vida...




Hoje imaginei que no céu afinal há vida, que existem pássaros brancos a voar no céu, que se podiam ouvir os sons duma linda catarata e o uivar dum pequeno lobo.
De imaginação passou para sonho e de sonho mudou-se para uma realidade nunca presenciada, que a minha imaginação nunca se perca em caminhos solitários sem ninguém com quem conversar. Senti-me esboçar um sorriso quando avistei o Amílcar, afinal este pobre diabo também veio aqui parar. Amílcar era um tipo bem formado, educado e com um enorme sentido de responsabilidade, desviou-se dessa rota quando zangado e completamente fora de si, pegou num pedra da calçada calcando-a na cabeça da sua pobre mulher. Ele também não foi sujeito a nenhuma vistoria especial quando entrou neste rio, lembro-me parcialmente da última imagem que meus olhos visualizaram na Terra, era um peixe de cauda bem espessa, toda sarapintado de vermelho e negro. Foi nessa altura que os meus olhos se fecharam.
Os olhos daquele peixe transformaram-se agora nos meus, Nesta altura o único prazer de ser humano que resiste dentro de mim é o apetite demonstrado num belo manjar. Esforçou-me para me manter de boca fechada dentro de água, jamais poderei alertar este imenso cardume de que já fui humano por uma única vez. Ressalta a vista outro pormenor delicioso neste rio de água doce, toda a sua espuma envolvente cheira a sentimento puro, cheira a inocência infantil, cheira a um sorriso precoce.
Quando ouço vozes de alarme prevejo que algo está a acontecer neste meu novo ambiente, reparo que Afonso (conheci-o quando escrevi este mar de frases) me diz para sair da sua frente, é que finalmente reparo naquele enorme gigante.
Confesso que não fiquei assustado com tamanho gigante, olhei com surpresa que a brincadeira daquele pobre gigante era somente nos assustar com seus sopros, que inevitavelmente provocavam pequenas ondas.
Ao olha-lo de mais perto reparei que usava fraldas fechadas por um alfinete já enferrujado, tinha um sorriso leve de criança apaixonado por uma vida ainda precoce de novos prazeres, Sempre fui um apaixonado por crianças e por tudo o que as rodeia. Nada me fascina mais que o sorriso duma criança, mesmo sem braços para a abraçar, nem palavras para a confortar, senti-me finalmente como um peixe na água.
Aquele espaço afinal sempre foi o meu, estive somente por momentos vestido de carne e osso nesta minha vida. Estava finalmente de volta no meu habitat natural.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Meu Vizinho





Demorei-te a aceitar como tu realmente és, até ao caminhar denotas carinho e humildade. És o meu vizinho mais introvertido e ficas sentado sempre na esquina do nosso prédio á espera que o teu dono chegue para te acompanhar na mijinha da manhã. Por vezes sinto pena ao ver-te rastejar naquela areia da praia, os teus membros inferiores fazem-te diferente, provavelmente fazem-te também sentir o medo e a dor de maneira diferente dos outros cães. Fiz-me de velho metido na vida dos outros e questionei o teu dono acerca dessa invalidez.
Fiquei a saber que eras o cão mais simpático da zona, que todos te adoravam pelo teu jeito brincalhão e pela atitude de defensor do próximo. Certo dia ousaste enfrentar aquele enorme pedaço de lata que atravessou a rua sem parar na passadeira, sem razão aparente fizeste ouvidos de mercador e não retrocedeste em teus curtos passos, e disso resultou uma quebra de sensibilidade dos membros inferiores. Contentas-te com pouca coisa e a tua vida resume-se a umas curtas viagens á rua e uns enlatados para petiscares durante o dia.
Apesar de tudo continuas de cabeça levantada e com um olhar fraterno de sedução, apesar da idade que te recolhe já grande parte da timidez contínuas imponente na tua atitude de continuares a querer ser feliz.