quinta-feira, julho 13, 2006

Burguesia mata a vida?




Que vida de luxúria, sentimentos apagam-se literalmente quando a palavra dinheiro sobe a cabeça. Pego numa taça de champanhe e tento nunca passar despercebido em qualquer festa social.
O caviar esse deixo-o de parte, sinto-me um pequeno deus longe de seu rebanho, a insanidade parece sempre querer voltar quando suspiro pelo papel miserável, a burguesia sempre foi a minha disciplina favorita e a minha primeira opção de vida impingida pelos meus pais. A minha vida pessoal e privada é sempre forçada pelos meus pais que me vigiam do 1º andar da moradia quando chego a casa a altas horas da noite.
Marques o meu condutor pessoal costuma dizer que nem os abutres pernoitam daquela maneira a espera da sua presa, pessoalmente chego a sentir o ar abafado da sua respiração logo que dou entrada no pátio. Sou um apaixonado pela vida e pelo mar, anseio sempre me perder nas ondas escuras das noites de verão. Anseio ao mesmo tempo pela minha liberdade, até meu coração está preso a uma mulher que não amo.
Procuro sempre refúgios ou alterações hormonais em meu corpo para compensar a pouca actividade que tenho na minha vida sexual.
Tenho uma forte convicção que um dia poderei chegar apaixonado a casa de novo, pois estou perdido de amores por uma filha duma empregada lá de casa,
Combinamos sempre encontrarmo-nos depois de ela acabar a sua faxina diária.
É na escuridão que fazemos amor, que trocamos carícias, que nos beijamos ardentemente. Talvez por ser filho da luxúria e do dinheiro tenha por habito preservar o direito ao amor e ao afecto, gostava um dia de passar fome, não ter pão para comer para sentir o verdadeiro aroma do sofrimento.
Subo a pique na minha ainda curta carreira, tenho sempre um empurrão garantido pelo meu tenebroso e poderoso pai que me chama já um futuro mega consultor.
No futuro aonde ele me vê, não há espaço para mendicidade ou para a pobreza extrema, só existe realeza e burguesia, se fosse por ele mandava desocupar as ruas, e punha mendigos e deficientes em lares escondidos da nossa sociedade.
O respeito que ainda tenho por ele, deve-se ao facto de ele ter construído o seu império com suas próprias mãos, apesar de muitas vezes sujas com a palavra corrupção.
Não quero que me ofereçam dinheiro, carros caros ou luxuosas vivendas, quero me sentir responsável pelos meus actos, quero poder dizer ao mundo que vivo a vida que escolhi, nunca suportarei a palavra “menino do papá” e refugio-me na violência quando me chamam isso. Poderei ser consciente dos meus próprios actos um dia?