quarta-feira, novembro 29, 2006

Passeio na Solidão




Senti-me hoje diferente perante o rugido feroz daquele animal, tinha-me tornado um ser horrível, já presto vassalagem ao meu patrão, já acordo sem a minha mulher ao meu lado, já descobri que afinal o racismo é uma palavra aceitável na minha vida.
Nada, nem ninguém me fizera abrir os olhos no momento certo, devo a todos vocês este momento que por agora vivo, nasci bom moço, de raízes humildes, de sorriso brilhante no rosto, depois tornei-me um egoísta frio e fingido.
Agora passo a maior parte do meu tempo a volta dum bar de Lisboa recheado de prostitutas e proxenetas moribundos, vulgos marginais de nossa brilhante sociedade.
A Cerveja passe-me finalmente pela goela, é fria e sabe a teimosia infinita, a mesma teimosia que me atirou para uma solidão ainda maior que a Morte. Nunca receei perder a mulher da minha vida, agora receio que ela se perca no outro mundo dos amores, o mundo dos amores fiéis e espiritualmente ligados. Sempre permaneci indiferente aos frequentes apelos dela. Á famosa frase “ Outra vez Tarde?” respondia com um suave “Deixa-me em Paz” ou então um popular “ Não me chateies”. Até essa altura ela aturava-me de corpo inteiro, fingindo-se duma Madre Teresa.
Entrei em contacto pessoal (Fascinado por umas meias de liga visíveis) com uma atraente executiva de uma companhia de viagens, sentindo-me de novo numa puberdade sempre possível de recuperar. Fascinado com a aventura nos primeiros tempos senti-me regozijando de novo uma doce juventude. A aventura custou-me umas malas feitas de lágrimas e terríveis arrependimentos, Finalmente senti que uma porta se fechara para sempre, a porta da felicidade eterna estava inevitavelmente fechada.
Vou agora de novo vagueando pelas ruas mórbidas de Lisboa, fechado em mim mesmo não consigo ainda suportar o terror duma solidão á muito anunciada.
Pensei que o suicídio fosse para mentes mais fracas, chamei nomes impróprios á morte, mas ao mesmo tempo senti nela um escape para tudo isto. Depois de não sentir mais nenhum dado motivador da própria vida, resolvi experimentar o novo mundo.

3 comentários:

xein disse...

Achas que o suicídio é para mentes fracas??? Acho que já n penso isso. É para fortes.... Eu, pelo menos, não o conseguiria. (e ainda bem, né verdade :P)

Obrigada pelo teu comentário... :)

Sente-te!!!

Anónimo disse...

...por vezes paro...muitas vezes...sem tempo defenido...sem sentido nem direcção...e recordo...relembro...desejo...tudo aquilo que passei...que te devo...que me mata por já não existir...por ter acabado...

...não sei...vague-o dentro de mim...procura algo...alguem...um ombro...mas não encontro...vou ao zero mais uma vez...subo e volto a ir ...porque????...onde estas...preciso de ti...sinto a tua falta...desculpa mas amo-te...

...não sei, a ilusão da vida que me rodeia acende velas de ouro pelas avenidas, flutua em água pura mas mesmo assim sem rumo, sem algo no intimo. porque???

...são muitos os pensamentos, já foram muitas as vontades, as raivas sobrepostas por amor e desejo, a tristeza acrescentada de mágoa, não sinto, não me sinto, apenas sinto vontade de primir, de acabar com um primir, perdi...perdi tudo... perdi-te a ti...perdi o meu oxigénio, a minha força em ti.

...só na imensidão dos pensamentos...na altura dos sonhos...no poder do amor...te revejo... te desejo...

volta...eu...tu...nós.............

xein disse...

Um óptimo 2007 para ti... Parece que tens o futuro à tua frente... O que era, e será, brilhante! :)

Sente-te!!!