segunda-feira, abril 11, 2005

Para o Filho da Terra



Fico assim de braços cruzados a espera que meu orgulho desapareça e que possa pelo menos perguntar ao enrugado adepto se o posso acompanhar nesta caminhada. Tenho quase trinta anos feitos de alegria e devoção por uma terra perdida lá para o interior do nosso Pais, Fui sempre honesto comigo próprio, mas agora procurarei enfim a minha estabilidade social. O que aquela terra não compreende é que apesar das saudades que sinto por ela, a minha família esta bem acima de qualquer lagrima nostálgica. Aqueles caminhos de areia que percorri para não faltar a mais um treino de conjunto foram finalmente recompensados, e a ansiada mudança de ares pode agora surgir a qualquer momento. Continuo no entanto a possuir no lugar do Coitão a minha ilustre casinha feita de seis meses de trabalho árduo sem receios de mazelas provocadas pela inexperiência em construção.
Sou um filho duma terra sem idade, onde os putos crescem a olhos vistos ,onde a fruta ainda é apanhada directamente das arvores e onde ainda existem amola-tesouras encaixados ao volante de suas bicicletas. Infelizmente já não marcarei mais golos naquela baliza virada para o quintal da Sr.ª Aurora, o meu treinador bem me disse que enquanto aquele galo horrendo cantar jamais deixarei a aldeia...Mas para o bem ou para o mal o galo bateu asas deste mundo depois deste ultimo natal.
Apesar desta repentina mudança, fico certo que esta minha identidade aldeã nunca se perderá de todo, tal como o sotaque que guardo em meu coração. Curioso foi o acto de ternura manifestada pelos meus conterrâneos quando me ofereceram como recordação uma compota caseira com meu nome inscrito no rotulo dizendo apenas “Para o filho da terra”.
Despedidas emocionadas foram inúmeras, daquelas que vou guardar para sempre na minha memória e em meu coração. Choros quase infantis eu presenciei naquele dia em que todos os lenços foram poucos para limpar tanta lagrima.
Nesta altura quando me debruço pela janela do autocarro ainda sinto o cheiro de saudade no ar...

2 comentários:

Anónimo disse...

Independentemente de a vida me levar a afastar da minha terrinha,estará sempre cá dentro...Adoro a minha terra,nada melhor!!!
Beijokinhas,
fica bem
ASS:www.barmaid.blogs.sapo.pt

xein disse...

Acho que foi o teu post mais sentido... Não sei porquê, senti-o daqui do meio da cidade. Também é possível que o tenha sentido mais que os outros. Logo eu, nascida, criada e amante de cidades!!!

Assim sendo.....


Sente-te tu também!!!!