quarta-feira, novembro 24, 2004

Um Dia no Metro...



Existe um único lugar em que podemos meditar sobre nossa vida e nossa sociedade, Sobre o testemunho ingrato de ouvir uma cego pedir , sobre o nosso relacionamento amoroso e impessoal.
Sentado observo olhares logicamente cúmplices e desprotegidos de algum sucesso.
Olhares cansados do nada, olhares de presas, presas fácies da nosso própria sociedade.
Esse Transporte nasceu para servir a grande Lisboa , essa Lisboa que nasce e renasce a cada Inverno Tenebroso, importa realçar aqui que Lisboa é um marco na minha vida, Sinceramente adoro Lisboa, aquela Lisboa do cheiro a castanha assada, aquele cheiro entusiasta do stress diário.
Essa Transporte alberga varias espécies e personalidades de seres humanos, e desperta em nós sensações muito contraditórias como a fúria momentânea ou uma calma aparente.
Coincidências ou não Al Pacino referiu num filme de Culto “Advogado do Diabo” que esse lugar é o Lugar onde tudo acontece, onde podes redescobrir a verdadeira razão de estares neste pequeno e doce mundo.
Os apertões ,os empurrões e o roça-roça macho-fêmea são muito utilizados neste lugar em que o frio não impera e onde o calor nem sempre é bem vindo, a não ser para aquele gordo feio que ali permanece obcecado com a carteia da próxima Vitima.
Nele consigo quase voar aos confins da memória perdida, e nele recupero minhas lembranças e compromisso diários.
Se aquelas paredes recheadas de azulejos deslumbrantes falassem diriam o quanto esta sociedade continua ingrata consigo própria, façam favor de me lembrar que antigamente cada mão era inevitavelmente uma mão amiga ,Hoje perguntem ao ceguinho Mário a quanta maldade e tristeza que ele sente ao dar o braço á um suposto cavalheiro(a).

Acordo em lugar nenhum
Apanho a roupa do chão
Em solidão
Dá-me a tua mão
Ó sonho meu


Sem comentários: