quarta-feira, novembro 09, 2005

Musica no Coração




Fiz questão de fazer amizade com a música, era menino inocente e já os meus pais colocavam musica no meu ouvido. Sou fascinado pela música e por tudo o que ela transmite, recordo-me de ouvir música durante tardes inteiras ao mesmo tempo que me imaginava como musico e artista. Lembro-me de ouvir aqueles famosos discos de vinil de quarenta e cinco rotações enquanto a minha mãe me dava um quente banho, não tinha mais de cinco anos e aquelas doces melancolias ficaram para sempre me meu ouvido. O gira-discos era pequeno e de qualidade duvidosa mas fazia girar a minha imaginação, parecia cansado de tanta musicar tocar e de tanta audição cativar. Era um puto simples que passava ao lado de qualquer birra de miúdo, Ficava sentado a brincar sossegado com os meus carrinhos sem me aperceber que o tempo efectivamente ia passando. As preocupações tinham só um alvo...o gira-discos da minha mãe. O vinil já riscado e possuído pelo pó lá de casa ia passando pelas minhas mãos como se um tesouro enorme se tratasse. Naquele tempo os sucessos de artistas portugueses faziam historia entre nós e ainda hoje me recordo de como o “Macaco gosta de Banana” de José Cid. Sentado no chão daquela sala passei por grandes sessões musicais, findo o disco colocava com muito cuidado o vinil dentro do caixote dos discos que a minha mãe fazia questão de guardar debaixo da cama.
Apesar de alguma dificuldades financeiras, a minha mãe fazia questão de trazer todas as semanas um disco novo lá para casa, e isso para mim era mais importante que qualquer brinquedo. Orgulho-me de pertencer aquele mundo onde a musica tem lugar especial, onde a riqueza da música predomina sobre questões materiais. Alguns gestos que ainda hoje faço (quando ouço musica) têm algo de criança, imagino-me com uma guitarra ou com uma bateria pronto para desafiar o mundo inteiro. Por preguiça ou por timidez a minha vida actual não esta ligada a musica, a não ser pela sua sucessiva audição. Penso que talvez numa outra vida longínqua essa prioridade me possa contemplar. A Musica como antiguidade é um bem necessário á vida.

2 comentários:

Anónimo disse...

Partilho contigo essas recordações de uma infância musical. Ainda hoje a música me invade e me faz chorar, arrepiar, viver noutro mundo. Há dias que acho que vou desatar a dançar entre a multidão na plataforma do metro... é aquele formigueiro no corpo.
Continua a sentir assim!
Bjs

Flour disse...

Boa história, gostei!

beijinhos

AF