terça-feira, abril 19, 2005

A Revolta (Parte I)



Fico a espera dum salvamento que possivelmente nunca ira acontecer, mas que ilhéu mais estranho este a que vim parar... Tem um lado mais obscuro e denso onde uma neblina teima em não desaparecer de vez e um lado onde o azul sorridente do mar entra pela terra adentro enchendo de beleza aquele lugar especial. Resignado a este local jamais deixarei de acreditar que tudo continua igual no outro lado do planeta para o bem ou para o mal.
Por isso pressinto algo de familiar nesta ilha, talvez aqueles sons que me entram no ouvido e que não me deixam adormecer, tragam-me uma pequena esperança de sobrevivência. Já não sonho com a sociedade em que vivia, onde o “stress” me levava calmamente para uma morte com meu próprio consentimento. Do acidente só guardo uma folha de papel e uma caneta oferecida pelo meu enfadonho patrão quando me fez subir de escalão.
Certo dia tomei-me responsável de mim próprio e resolvi invadir aquelas robustas palmeiras para procurar algo para comer sem ser fruta ou o fresco peixe do mar.
Caminhei pouco tempo até ficar realmente surpreso com aquilo que os meus olhos deslumbravam no horizonte próximo, Uma cabana feita de cascos de palmeira e da borracha preta duma roda de avião. Afinal mais alguém tinha sobrevivido aquele terrível acidente...Tinha agora uma sensação de alegria acompanhada por uma recente duvida.
Quem para além da minha pessoa não se atrevia a procurar ajuda?
Quem procuraria logo um refugio quando nesta ilha só existia um puro Sol?
Fiquei abismado quando aquela criatura abriu a porta de sua humilde cabana, trazia vestida uma capa negra enorme já roída por animais furiosos com algo.
Ao principio praticamente não a reconheci visto que se contava pelos dedos da mãos as revistas cor-de-rosa que desfolhei aos longo dos meu trinta anos.
Mas aquele olhar de vitima triste ferida com suas declarações anteriores jamais dava o braço a torcer por qualquer sentimento de alegria ou ternura. Me implorou que a salvasse daquela ilha para que pudesse continuar a sua saga de tortura por um precioso casaco de peles. Exclamou que tinha esse direito á vida como qualquer outro ser humano.Depois das recentes declarações desta senhora, fiquei abismado com tamanho sinal de arrogância...como devem calcular.
Subitamente fomos interrompidos...

Continua...

1 comentário:

trigolimpofarinh@mparo disse...

Poeta só há um, és tu e mais nenhum!!! (sorriso)

Gostei… e a continuação?!? É já a seguir?!?

Grande abraço